O CORDEL ENCANTADO
O cordel encantado
Miguezim de Princesa
I
Neste Jardim de Infância
Trezentos e dezesseis,
No final da Asa Asul,
Nascido em 73,
Chega o cordel encantado
Para encantar vocês.
II
O cordel veio dos longes,
Das terras de Portugal,
Cantado por trovadores
Do tempo medieval,
Aportou no meu Nordeste
Por dentro do matagal.
III
No início era verbal,
Espalhado em verso e prosa,
Depois passou ao livreto
(Sextilha, martelo e glosa),
O verbo criou o mundo
E a poesia preciosa.
IV
Era vendido nas feiras,
Em barbantes pendurados,
Daí o nome cordel,
Com os desenhos, ilustrados
Arte da xilogravura,
Na madeira desenhados.
V
O cordel conta as histórias
Narradas por trovadores,
Levando a notícia ao povo
Ou romances sonhadores,
Pelos quais quem sofre tanto
Pode aplacar suas dores.
VI
Conta histórias de princesas,
De príncipes e de guerreiros,
De pavões misteriosos
Viajando o mundo inteiro,
De santos e pecadores,
Beatos e cangaceiros.
VII
O cordel me ensinou tudo
A ler, escrever, sonhar,
No cordel eu vi o mundo,
Pude em sonhos viajar
Mesmo sendo de Princesa,
Um pequenino lugar.
VII
No dia do meu nascimento,
Me nomearam Miguel,
Meu pai falava de um anjo
Que era o guerreiro do Céu
Que ele viu enquanto lia
Um folheto de cordel.