CANGOTE
Valha-me Deus, que arrepio bom,
Aquela cafungada no cangote,
Que sobe e desce, sem direção,
Arrepiando até os fios do bigode.
E os cabelos do fi o fo.
Pra quem não conhece, dá pra pensar,
Que coisa é essa, meu irmão?
Um homem dando um cheiro no cangote do outro,
Será que é só amizade ou alguma intenção?
Uns olham de rabo de olho, desconfiados,
Vixe, olha lá, meu Deus do céu,
O mundo tá mesmo de pernas pro ar,
Com esse povo esquisito, e esse tal cafuné.
Outros cochicham no pé do ouvido,
"Parecia tão macho, com aquela barba pra fazer,"
Mas sou bem resolvido, não tem problema,
Sou adepto ao calor humano, sem mais dizer.
Seja no abraço apertado, no cheiro ou no carinho,
A verdade é que somos todos iguais,
O amor é pra todos, sem distinção,
E a vida é curta pra viver com preconceito,
Viva a cafungada no cangote
Não importa quem seja
Ou de onde vier
Ou do amigo de firma
Ou de uma pessoa qualquer
Vamos viver sem preconceito
Porque todos têm direitos
Em amar rico, pobre.
Negro, branco
Feio ou bonito
Muitos acham esquisito
Que adianta o preconceito
Entre Marias e João
O que importa sua opinião
Se não lhe devem nem um tostão
O que importa é aquele cheiro no cangote
Viva a vida, cada um cuidando da sua.
Sem preconceito, sem dar opinião.
PAULO PEREIRA