CANGOTE

Valha-me Deus, que arrepio bom,

Aquela cafungada no cangote,

Que sobe e desce, sem direção,

Arrepiando até os fios do bigode.

E os cabelos do fi o fo.

Pra quem não conhece, dá pra pensar,

Que coisa é essa, meu irmão?

Um homem dando um cheiro no cangote do outro,

Será que é só amizade ou alguma intenção?

Uns olham de rabo de olho, desconfiados,

Vixe, olha lá, meu Deus do céu,

O mundo tá mesmo de pernas pro ar,

Com esse povo esquisito, e esse tal cafuné.

Outros cochicham no pé do ouvido,

"Parecia tão macho, com aquela barba pra fazer,"

Mas sou bem resolvido, não tem problema,

Sou adepto ao calor humano, sem mais dizer.

Seja no abraço apertado, no cheiro ou no carinho,

A verdade é que somos todos iguais,

O amor é pra todos, sem distinção,

E a vida é curta pra viver com preconceito,

Viva a cafungada no cangote

Não importa quem seja

Ou de onde vier

Ou do amigo de firma

Ou de uma pessoa qualquer

Vamos viver sem preconceito

Porque todos têm direitos

Em amar rico, pobre.

Negro, branco

Feio ou bonito

Muitos acham esquisito

Que adianta o preconceito

Entre Marias e João

O que importa sua opinião

Se não lhe devem nem um tostão

O que importa é aquele cheiro no cangote

Viva a vida, cada um cuidando da sua.

Sem preconceito, sem dar opinião.

PAULO PEREIRA

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 07/06/2024
Código do texto: T8080981
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