O RAUL ESTÁ MORTO!...VIVA RAUL!

Esse Maluco Beleza,

Nasce em Salvador, Bahia,

Trouxe ao mundo a sua arte,

Fez da música magia,

Revolucionou geral,

O maluco é animal,

Fez história, e poesia.

Na infância, muito inquieto,

Sempre buscando aprender,

Ouviu Elvis e o rock,

E começou a se envolver,

Com música e rebeldia,

Usou de muita ousadia,

Que ninguém pôde conter.

Formou sua primeira banda,

Com amigos a tocar,

Os Relâmpagos do Rock,

Começaram a animar,

Mas o sucesso só veio,

Quando deixou de rodeio,

E pôde enfim brilhar.

Raulzito e Os Panteras,

Foi o grupo que formou,

Com um estilo irreverente,

Juventude conquistou,

Mas a fama passageira,

E a carreira verdadeira,

No solo que degustou.

“Metamorfose Ambulante”,

Um hino de criação,

Mostrava o seu espírito,

E sua contradição,

Era um gênio indomável,

Era um ser mais que notável,

Compunha com o coração.

Com Paulo Coelho, o amigo,

Compôs letras aclamadas,

“Sociedade Alternativa”,

Ideias entusiasmadas,

Criticava o sistema,

E levantava o tema,

Das mentes aprisionadas.

“Mosca na Sopa” cantava,

Pra ditadura irritar,

E mesmo sob censura,

Continuava a questionar,

Sua voz era resistência,

Contra toda incoerência,

Que tentavam impor, calar.

“Gita”, um álbum marcante,

Foi sucesso estrondoso,

Inspirado no Bhagavad,

Mostrou-se tão corajoso,

suas letras eram tão místicas,

Narrava buscas autênticas,

Num mundo tão ardiloso.

“Ouro de Tolo”, ironia,

À quem era consumista,

Mostrava da vida o vazio,

Na busca materialista,

Com sarcasmo e inteligência,

Revelava a essência,

Do homem era egoísta.

Se não der “Tente Outra Vez”,

Para quem está a lutar,

Uma mensagem de força,

Nunca deixe de sonhar,

Raul, com a sua poesia,

Trazia força e energia,

Para a vida transformar.

“O Dia em que a Terra Parou”,

Um álbum conceitual,

Falava de um dia utópico,

E tudo parava afinal,

Era um protesto sagaz,

Contra a rotina voraz,

De um sistema tão brutal.

Maluco Beleza, apelido,

Que Raul soube honrar,

Com suas roupas exóticas,

Sempre a impressionar,

Vivia a sua verdade,

Com toda intensidade,

Sem medo de se mostrar.

Seus shows eram espetáculos,

De energia e emoção,

Raul envolvia a todos,

Com sua interpretação,

Que cantava e encantava,

E no palco aprontava

Uma linda apresentação.

Mas a vida de Raul,

Não foi só glória e luz,

Teve momentos difíceis,

Em que na sua alma conduz,

A luta contra os vícios,

E os muitos sacrifícios,

Que a fama reproduz.

Casamentos conturbados,

E amores intensos viveu,

Mas sua maior paixão,

A música que escolheu,

Com ela enfrentou a dor,

E viveu seu grande amor,

Que ao mundo ofereceu.

Nosso querido Raul,

Para muitos é um lorde,

Sua obra é enaltecida,

Em cada verso e acorde,

Sua música é resistência,

Contra a vil inconsciência,

E o julgo que nos morde.

No ano de oitenta e nove,

Raul cedo nos deixou,

Mas sua música eterna,

Para sempre nos marcou,

Esse Maluco Beleza,

Com sua grande pureza,

No coração se alojou.

Fãs de todas as idades,

Ainda o reverenciam,

Suas letras já são mantras,

Que a muitas pessoas guiam,

Raul é mito e verdade,

Símbolo de liberdade,

Para tantos que dormiam.

No Festival de Águas Claras,

Fez história, se consagrou,

Nosso rock nacional,

Com ele sempre brilhou,

Cantou para multidões,

E suas revoluções,

Para o mundo ecoou.

A Sociedade Alternativa,

Ainda é um ideal,

De um mundo que seja justo,

Que divida o capital,

Onde o ser tem valor,

E o amor é o fervor,

De um mundo mais real.

Assim é o Raul Seixas,

Um ícone imortal,

Sua música e sua vida,

São de cunho original,

Grande profeta do rock,

Que deixou um grande toque,

Num legado universal.

Seus discos ainda tocam,

Em rádios e corações,

Cada verso de Raul,

Me traz muitas emoções,

Sua voz é inspiração,

Para toda geração,

De sonhos e de canções.

Raulzito, Maluquinho,

Seu nome é imortal,

Sua arte e sua vida,

São um grande carnaval,

De alegria e tristeza,

De loucura e beleza,

Em um show que é sem igual.

O cordel aqui termina,

Mas a história continua,

Raul Seixas, nosso ídolo,

Em cada nota flutua,

Com sua voz eternizada,

Em nossa mente gravada,

Em uma verve seminua.