ALMA DEFLORADA

Em soturno amanhecer

Vil, dois mil e vinte e três

Quando a luz se tornou trevas

E a moral em insensatez

Vilipêndio ao postulado

Religare é estuprado

Em macabra estupidez;

Chegou com sangue nos olhos

Na boca , o fel a arder

Com o olhar dissimulado

Ávido pelo poder

Da ostentação à pujança

Na'lma, sede e vingança

E um leão pra o proteger;

Com toda amarra sagaz

Se enlaça com seu vizinho

Com o ardil de Satanás

Fustiga os canarinhos;

Eles, com a'lma deflorada

E os valores estuprados;

Vagam no redemoinho;

A voz do Zé não se ouviu

Nem o bradar da Maria

O verde se tornou sangue

Quando a oliva apodrecia

Vi a multidão consternada

Tendo a alma de florada

O estupro acontecia;

Não adiantava gritar

Surdos estavam mamando

Nas trincheiras das tarimbas

Nos tronos negociando

Pra não haver bangbang

Barganham o preço de sangue

De quem ficar murmurando;

O gigante perecendo

A'lma em chamas agoniza

Se vê debalde a razão

Enquanto o carrasco pisa

Quem sabe pós a coivara

O tirano cara a cara

Sinta o peso da divisa;

Antes de o sol se pôr

Escarlate purpurando

Se verão uns inocentes

Pelo escuro tateando

Quem sabe em resiliência

Com o frescor na consciência

Vejam o Poder dominando;

A minha lamentação

Não vejo a luz matutina

E nem florir meu jardim

Nem os frutos na vitrine

Mas o bem será premissa

Pela cósmica Justiça

Sob a égide divina.

*

Delfinopolis-MG, 01 de junho de 2024

Gecy Pinto de Oliveira
Enviado por Gecy Pinto de Oliveira em 01/06/2024
Reeditado em 01/06/2024
Código do texto: T8076263
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