Belo Monte no Xingu!

No Brasil a Amazônia

Do mundo chama a atenção

Pela sua exuberância

E atual situação

De constante ameaça

Na denúncia da fumaça

Na grande devastação

Essa colossal floresta

Vem sendo impactada

E o meio ambiente sofre

Em cada ação causada

Por transformações drásticas

E as mudanças climáticas

Pela mídia anunciada

Onde existem grandes rios

Que se estendem no horizonte

Em um desses, o Xingu

De beleza estonteante

Num grande empreendimento

Fizeram um barramento

Construíram Belo Monte

Na calha do grande rio

Do majestoso Xingu

Fica próximo à cidade

De Vitória do Xingu

Ocupa grande extensão

Tem a localização

Região da "Transxingu"

No ano dois mil e nove

Houve um grande apagão

De mais energia elétrica

Carecia a nação

Revendo antigo projeto

Que tinha esse objeto

Chegaram à conclusão

Um consórcio de empresas

Logo após se formou

Com o nome Eletronorte

Do leilão participou

E sem nenhuma surpresa

Pra construir a represa

O melhor lance ofertou

Estava já decidido

Da represa a construção

Um parque de maquinários

Chegava a região

Em sua contrapartida

Devastação desmedida

A mão do homem na ação

Altamira foi destaque

Do mundo teve atenção

Quando personalidades

Numa só reclamação

Fizeram muitos protestos

Através de manifestos

Contra essa construção

Chegado dois mil e onze

Quando a obra iniciou

Os povos originários

Diretamente afetou

Por causa desse organismo

A ação do extrativismo

Na região terminou

Apareceram os gargalos

Para a sua execução

Operadores de máquinas

Sem a qualificação

Com responsabilidade

Por total necessidade

Foi preciso a formação

E por toda região

Carência em todos setores

Seja de eletricistas

Pedreiros ou construtores

Muitos deles ocupados

Construções por todos lados

Faltavam trabalhadores

E sob muitos protestos

De entidades sociais

Entre duras e estressantes

Batalhas judiciais

A obra foi se formando

E o trabalho andando

Sem embaraços legais

Volta grande do Xingu

Onde ali iniciou

Um dos canteiros de obras

No local se instalou

E no sítio Pimental

Ficou o maior canal

Que o Xingu desviou

E a água do grande rio

Teve a vazão controlada

Através do barramento

Para o canal desviada

De um lado a inundação

Do outro a desolação

Toda área impactada

Se podia imaginar

O tamanho do dilema

Com o “divisor de águas”

Na natureza suprema

E nesse desdobramento

O primeiro barramento

Pro Rio Xingu um problema

Afetando o ambiente

Da fauna e também da flora

Famílias de ribeirinhos

Tiveram que ir embora

Da terra onde nasceram

Na qual seus filhos cresceram

Tristezas sentem agora

E de cada município

Por essa obra afetado

Está o de Altamira

Como o mais impactado

Que sofreu as consequências

Mostrando as evidências

Por estar despreparado

Os hotéis todos lotados

Super valorização

Pela falta de imóveis

Uma grande exploração

Aluguéis inflacionados

Inquilinos pressionados

Pela especulação

A cidade de Altamira

Viveu dias de aflição

Por ficar congestionada

Pela grande invasão

Pessoas buscando emprego

E muito desassossego

Para a população

Aconteceu o inchaço

Que todo mundo temia

Nos bancos filas enormes

Como numa romaria

O povo fazendo ronda

Para surfarem na onda

Que Belo Monte atraía

Muitos colaboradores

Deixaram de trabalhar

Em seus antigos empregos

Indo se aventurar

No “brilho” de Belo Monte

Vendo nele um horizonte

Para de vida mudar

A cidade impactada

Sofreu a transformação

O comercio em euforia

Pela movimentação

De produtos a carência

Enquanto a violência

Aumentou em proporção

Pelas ruas da cidade

Trânsito bem complicado

De automóveis e ônibus

Que faziam o traslado

Para o empreendimento

Grande congestionamento

Na cidade em todo lado

Muita gente teve insônia

Pela multiplicação

De bares e de bordéis

Com a preocupação

Da maior facilidade

De drogas pela cidade

Também prostituição

Para assentar as famílias

Das áreas de alagamentos

Construíram na cidade

Uns grandes loteamentos

De construções abundantes

Cumprindo as condicionantes

Com os reassentamentos

Muitas delas lamentaram

Por repentinas mudanças

Pois viviam lá na roça

Com variadas bonanças

Por estarem confinadas

Entre paredes cercadas

Restando desesperanças

Grande parte dessa gente

Teve uma melhoria

Na qualidade de vida

Pela nova moradia

Quem morava em baixadas

Em áreas abandonadas

Vive com mais alegria

Quanto as cheias do Xingu

Hoje já são descartadas

Altamira não tem mais

Palafitas instaladas

Com base na cota cem

Com melhorias também

Áreas revitalizadas

Investimentos também

Em grande saneamento

Canalizando esgotos

Fazendo o escoamento

Não mais direto ao rio

O que causava arrepio

Recebeu o tratamento

Investido nas cidades

Quatro milhões de reais

Grande parte destinada

A escolas e hospitais

Como por compensação

Para a população

Por danos ambientais

Em dois mil e dezesseis

Já havia a geração

Com a primeira turbina

Em plena operação

Belo Monte produzia

Distribuía energia

Aos estados da nação

Com a última turbina

Entrando em operação

Em dois mil e dezenove

Chega ao fim a construção

Desse empreendimento

Bem acima do orçamento

Muito além da previsão

Lembro aqui a opção

Limpa e também renovável

De energia alternativa

Cem por cento aproveitável

Como a gerada por vento

Sem causar desmatamento

Sendo fonte Inesgotável

Hoje existem na cidade

Imóveis desocupados

Vestígios daquele tempo

De todos bem alugados

Pelo grande investimento

Vem o descontentamento

Pelos "reais" empregados