OS BARRIM DURO
OS BARRIM DURO
autor: Wallash Tom
Cordel/ Contos e Fábulas
"Pequenos Cordéis"
Menino da peste tu vai pra donde?
Mainha vou lá nas barrocas!
Se apressa e vem sedo
Pra depois num falar marmota
Cuidado com os barrim duro
As visagem do submundo
Que assusta a toda hora
Mais agente nem se alembrava
Indagado pela vadiação
Só lembrava a hora da volta
Da tal da assombração
Já passava era da hora
Agente corria na hora
De se mijar na escoridão
Nos barrim duro tem alma sim
Algumas coisas lá acontece
Se você dúvida de mim
É esperar quando anoitece
Passar lá sozinho a noite
Pra vê o que te acontece
Nois tinha que passar era sedo
Altas horas era escoridao
Não dava pra conter o medo
Pois lá tinha assombração
Chamavam os barrim duro
De quando tava escuro
Muitos viram aparição
Uma estranheza na estrada
Um lugar misterioso
Das tantas coisas faladas
Uns pedidos de socorro
Dos neguim entre as palmeiras
Que davam era rasteiras
Empurrões em cabra medroso
Os neguim do barrim duro
Era assim que se contava
Passar por lá no rumo
Derepente se avistava
Uma aparição medonha
Cabra corria feito pitomba
Que chegava em casa cansado
A sensação lá da arrepios
Quando sozinhos passamos lá
Povo medroso passa no assovio
Outros se bota a cantar
Indagados na escoridão
Sentindo que aparição
Conhece lhe assustar
Uns dizia que era butija
Ou espírito desencarnados
Mais ninguém mesmo explica
Se era almas penadas
O arrepio dava no corpo
O ambiente virava morno
Das aves Maria rezadas
De um lado o sítio Grossos
No outro sítio barrocas
Uma divisão que ninguém foge
A passagem é perigosa
É de tremer ficar gelado
Se vinha tava preocupado
Se voltasse já ia apulumado
Ainda não conheci alguém
Que não ouvi estas histórias
Era barrim duro porém
Não lembro na memória
Levavam se empurrões
Em meio a escoridao
Ouvindo gritos na hora
Quando a noite era lua cheia
E tudo estava claro
O medo era levar peia
Por isso é que te falo
No escuro coisas se ouvia
Na claridade se via
Era carreira no embalo
Nos grossos tinha um forró
Aos finais de semanas
O forró lá do toiô
Vou dançar é com Mariana
O problema era a volta
Vim sozinho pras barrocas
Só lembrando de Juliana
Tu bebeu de mais viu foi coisas
As pessoas falava assim
Eu vi uma bola de fogo
Correndo descendo ali
No mato uma quebradeira
Fechando e abrindo porteira
Sem ter nada disso ali
Sentir um frio na barriga
Quando um barulho ouvir
Seja bicho seja monstro
Ou um fantasma a surgir
Seria as almas penadas
Talvez deles encantadas
De alguma coisa fugir
Será preciso rezar uma missa
Para nada adiantar
Por anos que se passar
E o assombro então voltar
E tudo virar terror
Melhor fugir pelo corredor
Se a visagem lá voltar
Passar lá era dilema
Até mesmo durante o dia
O povo ouvia sussurros
Mas nada então se via
A noite o bicho pegava
O medo não controlava
A tremedeira que aparecia
Aparições naquela estrada
Numa divisões de lugares
Mais era preciso encarar
Só tinha ali pra passar
Mesmo que pudesse gelar
A todos os santos rezar
Era o jeito atravessar
Alguns já tentaram a sorte
Pra ver o que tinha lá
Cabra corria feito cão doido
Com visagem a assoprar
Sumia não via ninguém
Corria de medo porém
Não lembrava do lugar
Um mistério no meio do nada
Palmeiras separava o vulto
Se via neguim correndo
Brincando fazendo insultos
Um facho de luz no olhar
Uma estrela no céu a brilhar
Num instante de um susto
Coisas incríveis agente vai
Em perfeitas alucinações
Alguma coisa há na estrada
Se não for aberrações
Os barrim duro da estrada
Os neguim não são camaradas
Em suas aparições
Gemidos que vinha do mato
Assobios que estava longe
Por um momento era perto
Por um milésimo era fonte
Não era encruzilhada
Nem mesmo uma passarada
Que havia naquele monte
Um negócio assombrado
Que não tem explicação
O povo ficava abismado
De tal situação
Não há histórias ou relatos
De acontecimentos passados
Daquele lugar ali não
Se um burro fosse na estrada
Derepente se arrupiava
Não passava nem mais na pêa
Escramuçava fazia arrudeio
Mais por lá não passava
Corria feito cavalo no prado
Quebrava e rebentava areio
Os barrim duro é conhecido
Por várias da gerações
Sempre os mesmos relatos
As mesmas aparições
Seja a pé ou acavalo
Ou até mesmo de carro
É notável àquelas ações
O que conto são fatos reais
Não sou de criar histórias
O digo aos meus leitores
São coisas da minha memória
Agradeço pela leitura
De um pouco de cultura
Obrigado até qualquer hora
Um abraço um xêro no cangote
Cuidado com as visagens
Cultivemos as amizades
Abraçando ou na saudade
Já mais perdemos a viagem
E fiquemos só na saudade
Com os cordéis das verdades