Sem papas na língua
( sextilha )
Participa deste cordel os poetas Zedio Alvarez e Erivaslucena. Vamos lá na página deles também?
E dizendo bem depressa
O que tenho que falar
E digo alto de bom som
Tenho que pronunciar
Não deixo pela metade
Aquilo vou anunciar
A vizinha barraqueira
Padeiro desavisado
Trato da mesma maneira
Lingua não tenho cuidado
Só não venha para mim
Um papo desaforado
Com ela arrumar história
Com ele atrasando o pão
Eu não sou de bater boca
Mas falo com prontidão
Estão mal acostumados
Vão querendo a confusão
Eu já morei até na praia
Tinha fila para o pão
Pra quem quer se refrecar
E nunca reclama não
Com o sol já vem queimando
Sempre fiquei de antemão
Agora pra fofoqueira
Eu nem vou mais reclamar
Ela quer arrumar brirra
Se entro é para brigar
E falar da vida alheia
Sem hora pra parar
E o padeiro é um lerdo
Ele não tem precisão
E sempre queima demais
O bolo, cavaca e o pão
Eu reclamo todo o dia
Isto não tem mais razão
Me calando por aqui
E sei que não tem mudança
Sei já virou até costume
E na minha vizinhança
Esta vizinha e o padeiro
Estão na minha lembrança