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CORDEL SEM TEMA

 

 

Valdi Rangel

 

I

 

Fazer cordel é fácil

Basta o seu querer

Pegue papel e lápis

E comece a escrever

Pode ser qualquer assunto

De longe ou de junto

Você pode escolher

 

II

 

Tem assunto de montão

De humano e animal

De religião e política

De cultura e carnaval

O que vale é a criatividade

Pode ser uma novidade

Da cidade ou zona rural

 

III

 

O negócio é escrever

O que você vai pensando

Numa rima bem rimada

Que você vai criando

Não precisa ser doutor

É somente fazer com amor

As coisas que vai rimando

 

IV

 

Desde menino eu tenho

A vontade de fazer

Um cordel bem bonito

Mas me faltava aparecer

Uma chance maravilhosa

Como essa que tenho agora

De ter tempo para escrever

 

V

 

Esse cordel que faço aqui

É um tema bem aberto

Sem preocupação na história

Nem criação de novo método

Só quero que essa mistura

Seja de rima popular e pura

Que valorizem os meus versos

 

VI

 

Todo escritor de cordel

Tem as rimas no coração

Temas bem diversificados

Na palma da sua mão

Pode ser qualquer coisa

De caçador de raposa

Ou de padim ciço e lampião

 

VII

 

Eu quero que esse cordel

Traga diversão e aprendizagem

Que coloque no caminho

A inteligência e a coragem

Que estimule ao nobre leitor

Ensinando que o amor

Dura por toda eternidade

 

VIII

 

O sentimento do poeta

Deve ser bem cuidado

Uma coisa muito íntima

Pelo verso revelado

Seu cordel é a porta

E o tempo não importa

Por muito tempo, ele será lembrado

 

 

IX

 

O cordel de tema livre

Oferece mais liberdade

Eu falo sem compromisso

Porém com responsabilidade

E trato de qualquer assunto

De tecnologia e presunto

De amor e felicidade

 

X

 

Você meu amigo e amiga

Ao ler esse simples cordel

Se sinta dentro dele

Deliciando o seu doce mel

Ele tem função estimulante

Pra que você doravante

Passe a amar o cordel

 

XI

 

O cordel foi criado

Por um poeta popular

Que mesmo sem estudo

fez o cordel viralizar

Em versos sábios profundo

Deixou aqui no mundo

Esse gênero espetacular

 

XII

 

A intenção do cordelista

É escrever o que observa

Para isso, faz as rimas

Obedecendo sempre as regras

E alegre vai digitando

Sabiamente divulgando

O cordel que ele carrega

 

XIII

 

Viva o criador do cordel

O inventor da rima pura

Ele fala de um tempo

De inocência e aventura

Pra ele tudo é rima

Em baixo ou em cima

O cordel é sempre cultura

 

XIV

 

Talvez você estranhe

Meu diferente cordel

Feito de vários temas

Descendo ligeiro de rapel

Uma hora rima na lua

Noutra rima nas ruas

Dormindo em baixo do céu

 

XV

 

O cordel sem um tema

Deixa o cordelista livre

Pra fazer qualquer rima

Que o cordel precise

E sem tanto cuidado

Tudo fica bem rimado

E a poesia popular resiste