Essa Minha Pátria, o Sertão

Rogo a alma de poeta

Que em meu peito passeia

Pro sertão cantar em versos

Nessa noite de lua cheia

Do norte das Gerais

Por quase todo nordeste

Em um lugar semi-árido

Ultrapassando o agreste

Tem período de estiagens

E um clima seco e quente

Dando origem à cultura

De povo devoto e crente

Por causa da terra seca

O nomearam desertão

Logo sendo conhecido

Por outra denominação

Esse nome teve origem

Durante a colonização

Desertão logo mudou

Para a palavra sertão

Nos séculos XVI e XVII

Foi sua interiorização

Com deslocamento de gado

Para toda essa região

Devido à pressão exercida

A área foi conquistada

O litoral era pra lavoura

E a cana-de-açúcar plantada

Com recursos escassos

A área foi povoada

A pecuária desenvolveu

Virou caminho de boiada

Criaram-se mitos e lendas

Cantados em verso e prosa

Com heroísmos inusitados

Ou historias vergonhosa

Houve um certo conselheiro

Locado em monte santo

Fundou uma comunidade

Igualdade era o seu canto

Então veio a republica

Numa guerra ensandecida

E destruíram canudos

Que pela elite era temida

Criou-se o mito do vaqueiro

Vestido com seu gibão

Que pegava boi à unha

Nos carrascais do sertão

Cantadores e violeiros

Cantando sina e sorte

Volante e cangaceiros

Em juras de vida e morte

Gente humilde e devota

Beatos e roceiros

Todos tinham o sertão

Como pouso derradeiro

Os caminhos permitiram

Grande articulação

Entre o litoral nordestino

E o interior do sertão

Dando origens as cidades

Como acesso natural

um grande rio é preferido

Como entrada principal

Como entrada pro sertão

velho Chico conhecido

Rio da integração nacional

Logo foi este reconhecido

Hoje em dia no sertão

De janeiro a janeiro

Existem muitos povoados

Passando fome o ano inteiro

Vivem na mais pura miséria

Sem nenhuma condição

E sem reverter o quadro

Vai levando essa nação

Com fé e recursos próprios

Vai levando o sertanejo

Entregue a própria sorte

Vai levando seu ensejo

É uma vida de abandono

Sem dignificar o nordestino

Que como sertanejo forte

Vai cumprindo seu destino

Políticas clientelistas

E auxilio emergencial

É no sertão um problema

Que causam dano moral

O sertão não quer paliativo

Nem promessa de político

Quer uma solução definitiva

Pra não ficar paralítico

Sou sertanejo bravo

E o sertão tem seu valor

Sou dessa terra escravo

Por ela lhe tenho amor

Vou terminar esses versos

Rogando aos céus uma prece

Que chova pra ter inverno

Pra quem de sede padece

Essa minha pátria, o sertão!

Existem os que aprendem a coexistir com as dificuldades e aprendem compreendendo esse vasto e apaixonante mundo. No universo daqueles que compreendem o sertão é preciso unicamente ter vivido, ter sentido, ter visto pelejas e juras de vida e de morte, palavras ditas e cumpridas. Tudo isso é o sertão, essa pátria que apaixona e faz de quem nela vive um bravo.