O tempo também escreve,
É um escritor de talento,
Ele escreve em nossa pele
Os registros dos eventos
Que acontecem com a gente
Nos bons e nos maus momentos.
As rugas do nosso rosto
São mensagens insistentes,
São relatórios da vida
Que o tempo escreveu na gente,
Para alguns, elas são males,
Para outros, são presentes.
Os nossos pés de galinha
São os que incomodam mais,
Eles podem revelar
De modo muito eficaz
Que nós já sorrimos muito
Ou já sofremos demais.
As vezes eles revelam
Os homens perseverantes
Que querem vencer na vida
E se dedicam bastante
Passando noites em claro
Em estudos fatigantes.
Também podem revelar
Que a pessoa é uma festeira,
Que vive na boemia
Acordada a noite inteira
Enchendo a cara de pinga
Na mesa de bebedeira.
Rugas podem revelar
O sofrimento insistente
Daquela mãe que padece
Pelo seu filho doente
Ou pelo filho malvado
Que se tornou delinquente.
Elas revelam o cansaço
Do fiel trabalhador
Que trabalha no pesado
Nas fadigas do calor
E que já sofreu demais
Nos seus dias de labor.
Seja qual for o motivo,
Das rugas do nosso rosto
Mestre Tempo não se importa
Se foi por gozo ou desgosto,
Ele simplesmente escreve
Sem expressar pressuposto.
Digo que ele é escritor,
Mas ele é um frio escrivão,
Não romantiza as histórias,
Narra os fatos como são
Depois passa pela gente
Sem nenhuma comoção.
Ele é só um funcionário
Do Divino Criador,
Está somente cumprindo
A ordem de nosso SENHOR
Escrevendo em nosso rosto
As marcas de GOZO e DOR.
Não é bom ficarmos tristes
Com nossa pele enrugada,
Pois rugas também revelam
As vitórias conquistadas,
Todos, mais cedo ou mais tarde,
Ficam de cara amassada.
Quem não tem rugas no rosto
É porque não tem história
Ou é porque morreu jovem
No início da trajetória,
Mas quem tem rugas no rosto
Tem o legado da glória.
Poeta Ricardo Lopes – 30/03/2024