O HOMEM QUE MORREU COM MEDO DE ASSINAR O EMPRÉSTIMO

O homem que morreu com medo de assinar o empréstimo

Miguezim de Princesa

I

Nenhuma pessoa se conforma

Com a vida simples de outrora:

Quando não pede no Ifood,

A pessoa quer comer fora.

Se o pai não tiver dinheiro,

Os filhos exigem na hora.

II

E, se para ter dinheiro

Um alguém se desviar,

A pessoa que pediu

É a primeira a apontar

E dizer "que coisa feia!",

Querendo se arripunar.

III

Também os tempos difíceis

Não esperam pra depois:

Dia desses, no mercado,

Um doutor furtou arroz,

E até mesmo um deputado

Não pagou o sexo a dois.

IV

Comer casca e guardar ovo,

Já dizia mestre Vital,

Uma mulher pegou um corpo

Na pedra do hospital

E foi com o morto no banco

Exigir o capital.

V

- Meu tio, aprume essa mão,

Tá na hora de assinar,

Eu não aguento mais isso,

Abra o olho devagar,

Senão nós morre de fome

E o senhor vai se lascar!

VI

A funcionária do banco

Ficou meio desconfiada:

- Esse homem não está bem,

Com essa não arreada,

Assim não sai a rubrica,

Ai, meu Deus, que mão gelada!

VII

Quando a Polícia chegou,

Fazendo uma grande zoada,

A mulher se defendeu:

- Com ele eu nunca fiz nada,

O peste morreu agora

Com medo da papelada!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 17/04/2024
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