Ando entre a multidão

Mas para mim é deserta

Nesta busca longa e incerta

De utopia e ilusão

Bem distante do meu chão

Me bate a melancolia

Não vejo chegar dia

De sair da terra alheia

Vivo na cidade cheia

De tanta gente vazia

 

Falta o verdadeiro amor

Mas sobra a indiferença

Há muitos seres sem crença

Distante do meu Senhor

Olham a beleza da flor

Mas ninguém reverencia

Muito se diferencia

Do viver da minha aldeia

Vivo na cidade cheia

De tanta gente vazia

 

Quando sinto solidão

Eu nem sempre estou sozinho

Perdido no burburinho

Náufrago na multidão

Ando pela contramão

Perdido sem alegria

Um povo sem fantasia

Escravos da mesma teia

Vivo na cidade cheia

De tanta gente vazia

 

Todos seguem para o abismo

Presos a luz ofuscante

E tal qual zumbi errante

Não se abalam nem com sismo

Já rezaram catecismo

Hoje ouvem outra homilia

Reféns da tecnologia

Sua movediça areia

Vivo na cidade cheia

De tanta gente vazia.

 

Mote G1e2: Araquem Vasconcelos

Glosas 3e4: Jessé Ojuara-17/04/24

Jessé Ojuara e Araquém Vasconcelos(Mote e glosas 1 e 2).
Enviado por Jessé Ojuara em 17/04/2024
Código do texto: T8043555
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