AS GLOSAS SERTANEJAS DE QUEZADO
O paraibano Luiz Dantas Quezado, nascido Luiz Siqueira Dantas no Sítio Caiçara -Município de São João do Rio do Peixe(Antenor Navarro quando nasci), já foi considerado o maior glosador do Brasil de todos os tempos.
Nasceu Quezado em 05/07/1850, falecendo a 05/04/1930, em Aracati, Ceará, legando-nos sua obra única “GLOSAS SERTANEJAS”.
Casado com Maria de Jesus Dantas, nasceram-lhes três filhos: Chateaubriand, Estefânia e Graziela,
O Poeta Vaqueiro era radicado ao cariri cearense e produziu, entre outras, esta pérola.
NEM TODO PAU DÁ ESTEIO
Nem todo pássaro voa,
Nem todo inseto é besouro
Nem todo judeu é mouro,
Nem todo pau dá canoa;
Nem toda notícia é boa,
Nem tudo que vejo eu creio,
Nem todos zelam o alheio,
Nem toda medida é reta,
Nem todo homem é poeta,
Nem todo pau dá esteio.
Nem toda água é corrente.
Nem todo adoçado é mel,
Nem tudo que amarga é fel.
Nem todo dia é sol quente;
Nem todo cabra é valente.
Nem toda roda tem veio,
Nem todo matuto é feio,
Nem todo mato é floresta,
Nem todo bonito presta,
Nem todo pau dá esteio.
Nem todo pau dá resina,
Nem toda quentura é fogo,
Nem todo brinquedo é jogo,
Nem toda vaca é leiteira;
Nem toda moça é faceira.
Nem todo golpe é em cheio,
Nem todos livros eu leio,
Nem todo trilho é estrada,
Nem toda gente me agrada.
Nem todo pau dá esteio.
Nem todo estrondo é trovão.
Nem todo vivente fala,
Nem tudo que fura é bala.
Nem todo rico é barão;
Nem todo azêdo é limão,
Nem todos pagam "bloqueio",
Nem todas as noites ceio,
Nem todo vinho é de uva,
Nem toda nuvem traz chuva,
Nem todo pau dá esteio.
Nem todo prêto é carvão,
Nem todo azul é anil,
Nem toda terra é Brasil,
Nem toda gente é cristão;
Nem todo índio é pagão,
Nem toda agência é Correio.
Nem toda viagem, passeio,
Nem todos prezam bom nome,
Nem toda fruta se come,
Nem todo pau dá esteio.
Nem todo lente é sabido,
Nem tudo que é branco é leite,
Nem todo óleo é azeite,
Nem todo rogo é ouvido,
Nem todo pleito é vencido,
Nem todos vão ao sorteio,
Nem todo sitio é recreio,
Nem toda massa é de trigo,
Nem todo amigo é amigo,
Nem todo pau dá esteio.
A SEGUIR A MINHA GLOSA EM HOMENAGEM AO CONTERRÂNEO:
Nem todo São João é Rio
Nem todo Rio é do Peixe
Nem tudo que eu pedir deixe
Nem todo sopro é assobio
Nem todo repente eu crio
Nem toda morte pranteio
Nem todo pão é centeio
Nem todo pau nasce torto
Nem toda enseada é porto
Nem todo pau dá esteio...
Nem toda carroça é carro
Nem toda cachaça eu bebo
Nem todo pau é de sebo
Nem todo Antenor Navarro
Nem todo cuspe é escarro
Nem toda rua é do meio
Nem todo livro eu releio
Nem todo armengue é arranjo
Nem todo Augusto é dos Anjos
Nem todo pau dá esteio...
Nem tudo que brilha é ouro
Nem tudo que digo faço
Nem todo papel almaço
Nem todo garrote touro
Nem todo amarelo é louro
Nem todo pombo é correio
Nem tudo que almejo anseio
Nem todo mestre é bacana
Nem todo Chico Viana
Nem todo pau dá esteio...
Nem tudo posso e convém
Nem toda paixão, amor
Nem todo prazer, torpor
Nem todo mal vem pro bem
Nem tudo de ferro é trem
Nem todo transporte é meio
Nem toda pausa é recreio
Nem todo Antônio é Leal
Nem todo giro é jirau
Nem todo pau dá esteio...
Nem toda faca eu esmurro
Nem toda casaca é fraque
Nem todo Olavo é Bilac
Nem todo Dom é casmurro
Nem tudo que escuto é zurro
Nem todo canto é ponteio
Nem todo impulso refreio
Nem tudo que quero alcanço
Nem tudo que é morno lanço
Nem todo pau dá esteio...
E OS AMIGOS VÃO CHEGANDO:
Cléa Soeiro
Nem tudo que vai, já veio
Nem toda rua eu passeio
Nem todo pisar é freio
Nem todo jogo, eu goleio
Nem todo canto é gorjeio
Nem todo barco é piroga
Nem todo autor é Queiroga
Nem todo pau dá esteio…
Luna Mia
“Nem tudo o que penso falo
Nem sempre consinto se calo
Nem todo sofrer eu sinto
Nem sempre sorrindo eu minto
Nem todo cavalheiro é distinto
Nem toda dama é confiável
Nem todo sonho é alcançável
Nem todo bolo tem recheio
Nem todo canto é gorjeio
Nem todo pau é esteio”…
Jota Garcia
Nem todo músico é cantor
Nem todo cantor, sucesso
Nem todo crime eu confesso
Nem todo namoro é amor
Nem todo douto é Doutor
Nem todo bicudo é feio
Nem tudo que escrevem, leio
Nem toda porta é de entrada
Nem todo caminho é estrada
Nem todo pau dá esteio…
Nem todo poeta é Stelo
Nem toda faca é facão
Nem todo fogo é tição
Nem todo prédio é castelo
Nem todo calçado é chinelo
Nem todo centro é no meio
Nem todo açude está cheio
Nem toda música eu danço
Nem todo brinquedo é balanço
Nem todo pau dá esteio…
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