O louco homem livre

Eu vi dois homens na rua

Um louco sentado ao chão

O sano em pé reclamando

O outro levantando a mão

Ao seu lado vários livros

O sano dava um sermão:

 

Nunca vou lhe dar esmolas

Eu lhe ofereço um emprego

Será o meu empregado

Terá vida de sossego

Porém o outro desdenhou

Isto é presente de grego

 

Não sou mais escravizado

E quando a mão levantei

Eu não pedia migalhas

Eu apenas protestei

Pois encobria o meu sol

Só por isso te acenei

 

Deixei de ser um escravo

Desse sistema perverso

Hoje posso não ter luxo

Minha riqueza é meu verso

Saindo da minha frente

Libera meu universo

 

Essa luz é a fortuna

Ela que eu preciso ter

A tua sombra atrapalha

O meu direito de ser

Um homem louco e liberto

Nunca vais compreender

 

Sigas vá com teu sermão

Um Cínico já me inspirou

Eu aprendi com Diógenes

Que do seu barril falou:

Simplicidade é princípio

Foi o que me iluminou

 

Vejo vagar pelas ruas

Muitos zumbis e fantoches

Alguns são bem miseráveis

Mesmo comendo brioches

Outros sequer tem o pão

São vítimas de deboches

 

Quem na verdade é o louco

Pare agora pra pensar

Eu posso não ter cartões

Sequer casa pra morar

Porém tenho a liberdade

Não preciso nem votar

 

Referendar o escolhido

De um sistema tão servil

Onde a tal democracia

É manipulada e hostil

Prefiro a simplicidade

De morar em um barril.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 29/03/2024
Código do texto: T8030303
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