O DESMAIO DE EMOÇÃO DE UM VELHO MORALISTA

O desmaio de emoção de um velho moralista

Miguezim de Princesa

I

Um homem de 80 anos,

Circunspecto e moralista,

Discursava no auditório

De uma escola normalista:

- As moças hoje andam nuas,

Chega a espantar a vista!

II

- Os rapazes falam fino

E têm o passo miúdo,

O sujeito que é careca

Faz implante cabeludo,

E o rico, entediado,

Está operando tudo.

III

Meu amigo Sabe-Tudo

Aumentou até o lau,

Que ficou de palmo e meio,

Feito trava de jirau,

E só anda de bermuda

Para provar que é mau.

IV

A mulher vai para a festa

E de lá volta buchuda,

Quem fez o filho, não sabe,

Como argumentou Miúda:

- A boate estava escura,

Foi um dos três de bermuda.

V

Quando acabou a palestra,

Do tempo passou uma hora,

O moralista avistou

Uma sobrinha de Flora

Que passava rebolando

Com a bunda quase de fora.

VI

Esquecendo da lição,

Com o olho arregalado,

O velho disse: "Eita, Cão,

Eu fiquei meio afobado",

Caiu tremendo no chão

Com o cacete levantado.

VII

O ajudante do velho

Deixou o velho sentado,

Limpou seu terno de linho,

Lhe deu um suco gelado,

Pegou do chão a bengala

Que o velho havia soltado.

VIII

- Vamos embora, patrão,

Que o dia foi de repuxo,

O senhor caiu no chão,

Quase que arrebenta o bucho;

Disse Elino Julião:

"O véi vai no relabucho,

Porque o maracujá

Só é bom quando está murcho".

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 21/03/2024
Código do texto: T8024907
Classificação de conteúdo: seguro