O Cinema Carlos Gomes
Saudosos cotidianos no Brejo
Períodos que tinham nomes
Lembranças desejo reviver
Para que o passado retomes
Uma era de ouro da cidade
Que ficará para a eternidade
Tempo do Cinema Carlos Gomes
Para que um rumo tomes
Tenhas um norte, uma direção
Começaremos então a falar
De brasileiros ilustres então
Identificação pela sétima arte
Cultura brejense fazem parte
O conhecida Família Falcão
Linhagem de arte neste sertão
Gênesis que foi e é notória
Sendo o cinema um capítulo
Escrito com nostalgia e glória
Caneta do tempo escritas atas
Neste folheto teremos as datas
E o saber pra ficar na memória
1.930 comércio abre história
Na bela fachada onde construiu
Década marcada e estampada
Pelo pioneirismo que reuniu
Sendo então o primeiro dono
Que teve a ideia e o abono
Exibir filmes, interior do Brasil
Nobre brejense afinidade viu
Mário Falcão essencial figura
Inteligente ele ajudava dono
Do Cinema leigo em pintura
Tinta, álcool, pincel, cartolina
Cartaz que fazia era obra-prima
Letra fina e de bela estrutura
Com essa ação, essa postura
Amigo do proprietário se tornou
As sessões ganhava ingresso
Pelo Cinema logo se apaixonou
Afirmando o sonho que teria
Futuramente o espaço compraria
E o dia tão aguardado chegou
Década de 50 ele se configurou
Terceiro dono do empreendimento
Quinta, sábado e no domingo
Às 8 da noite tinha movimento
Dos populares frequentadores
Comparecendo os moradores
Para diversão e entretenimento
Sem TV, a expressão do momento
O anúncio feito numa difusora
Pernambucano pensava diferente
Publicidade inclusiva, promissora
Anunciava a missa na praça
Um achado ou perdido de graça
Em atitude nobre e acolhedora
A equipe afiada e precursora
De empreitada segue a lista
Pedro e Hamilton seus filhos
Toinho na função de projetista
Zé Guerra, Assis, Getúlio e Bala
Um colaborador que não fala
Mudo de Pedro Aleixo se alista
Terezinha Falcão a recepcionista
Nelson o seu irmão lhe ajudou
E assim seguia administrando
Este espaço que se destacou
Muito suor e muita dedicação
A logística vocês conhecerão
O trajeto onde tudo andou
Maleta de couro o armazenou
Naquela época vinha de trem
Através de ônibus ou de animais
O transporte, o vai e vem
Três rolos de filme chegavam
A censura no mesmo colocavam
Pra saber o que neles contém
Tinha Agente Estatístico também
Cobrança do imposto conduzia
Mário Falcão um autodidata
Manutenção da máquina fazia
E desta maneira funcionava
O projeto que se consolidava
Ponto de encontro de garantia
Passando na afamada bilheteria
Uma seleção do Grande Otelo
Longas com o tema do Carnaval
E Bossa-nova estilo tão belo
Clássicos da produção nacional
Neste enredo tinham a aval
Nosso Brasil verde e amarelo
Exibidos em outro paralelo
Grandes películas internacionais
O título " Love Story" um deles
Vendas antecipadas primordiais
Colégio André Cordeiro foi sucesso
Carimbaram a vinda e o progresso
O acesso a números sensacionais
Lotavam cadeiras os tradicionais
Filmes de bang bang e porrada
Os Faroestes do Jhon Wayne
Repercutiam o tiro e a lapada
Ação sendo gênero que vendia
O brejense em peso comparecia
Programação boa aguardada
Saudosa sala situação inusitada
Algo ocorreu e deu o que falar
Pedro Paulo então responsável
Acomodações resolve alugar
Pro chamado Cinema Ambulante
E convencido por tal viajante
Conteúdo adulto avisado lá
Filme só pra homens vai rodar
Não percam é única sessão
No Brejo surtindo resultado
Atraindo o curioso de plantão
E uma freguesa bem curiosa
Que não engoliu fiada prosa
Cismou de assistir a projeção
Dizendo que não perderia não
O momento por ser fiel cliente
Tinha visto todo lançamento
Desta vez não seria ausente
Assistiu (a senhora), os senhores
A destemida brejense Das Dores
Vivenciou algo tão diferente
Mais filmes rodaram nessa lente
E estes aqui eu irei lembrar
O Planeta dos Macacos foi
Produção interessante de passar
Ben Hur e o falado O Vento levou
Películas que o povo aprovou
E valeram a pena veicular
No cinema que era um lugar
De amar de forma avassaladora
Juventude comparecia, conhecia
Acontecia a química promissora
Cantinho de belas recordações
De encontros, crônicas e paixões
Revelou Ila Cabral Historiadora
Fim de ano estação reveladora
Dezembro fervia e tudo lotava
O Cinema integrava descrição
Neste mês que se consolidava
Tendo o aumento de acessos
Considerável venda de ingressos
Estabelecimento que funcionava
Gerenciando, investia e renovava
Imóvel de artísticas naturezas
Adquirindo duzentas e cinquenta
Confortáveis cadeiras inglesas
Comprando um novo projetor
Os milímetros portanto ampliou
Mais imagens e mais sutilezas
Grande brejense realizou proezas
Todo ciclo terminando afinal
Pois surgem rotas e caminhos
Que levavam para a capital
Recife mudando os destinos
Mário, Terezinha e os meninos
Vida seguindo fluxo natural
75 fecha o cronograma final
Carlos Gomes de uma geração
Marcada pela simplicidade
Pela alegria ao ver no telão
O belíssimo espetáculo visual
Cinema uma arte atemporal
Eternizada por Família Falcão
Jonnata Henrique 17/03/24