O HOMEM SEM DINHEIRO

O homem sem dinheiro

Miguezim de Princesa

I

Disse Edson Vidigal,

O filho, em um rompante:

"O homem sem ter dinheiro

É um cadáver ambulante".

E eu digo, com cabimento:

É um grande entupimento

Na saída do bufante.

II

Pode o homem ser falante,

Se o dinheiro faltar

O homem fica ofegante,

Começa logo a suar,

Se amofina na palhoça,

E a voz que era grossa

Tende mesmo a afinar.

III

Capaz até de chorar,

No bolso não acha troco,

É enxame sem abelha,

É uma coruja sem toco,

O tatu sem um buraco,

Um cachimbo sem tabaco,

Uma casa sem reboco.

IV

É um pau por dentro oco,

É ressaca de Cinzano,

É comer comida fria

Da panela de um cigano,

É perder tudo no jogo

E se cagar soltando fogo

Pela virada do ano.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 12/03/2024
Código do texto: T8018453
Classificação de conteúdo: seguro