O PATO QUE VIROU LENDA

 

O tio Dico ia passando

Numa certa encruzilhada

La encontrou uma mesa

Toda bela e enfeitada

Ele então ficou olhando

Com a barriga roncando

Numa larica danada

 

Era uma bela oferenda

Que ali tinham deixado

Tinha farofa e pipoca

E um grande pato assado

E agil parece um gato

Ele sequestrou o pato

E fujiu dali apressado

 

No outro dia a mamãe

O tio Dico foi visitar

E lá ganhou o tal pato

E então resolveu levar

O meu pai desconfiado

disse isso está errado

tu devias recusar

 

Era um belo pato assado

Congelado numa bandeja

Com muita fruta e farofa

Tinha pipoca e cereja

Tinha até um vinho tinto

Castanhaque com absinto

E também tinha cerveja

 

Eu fiquei la esperando

Pra na hora de almoçar

para comer pato assado

Eu mal podia esperar

O meu pai pressionou

a minha mãe concordou

E resolveu se livrar

 

Foi aí que a minha mãe

Procurou uma parente

Pegou aquele belo pato

E doou pra aquela gente

Porque estavam penando

E pouco se alimentando

Estavam em decrescente

 

Mas ela não quis o pato

Que doou pra tia maria

Que desconfiou do pato

E presenteou a dona lia

Que era uma alma penada

Pra comer não tinha nada

Tinha a despensa vazia

 

Dona Lia apesar da fome

Não quis aquele presente

Desconfiou que o bicho

Fosse uma ave doente

Dispensou a encomenda

E aquela bela oferenda

Foi passando para frente

 

Dona lia pegou o pato

E foi saindo de fininho

Parecendo boazinha

Deu o pato ao vizinho

Aquele sujeito ingrato

Logo se livrou do pato

E ficou só com o vinho

 

O vizinho velho sábio

Recusou aquela prenda

E doou aquela ave

La para o dono da venda

Mas o sujeito gaiato

Se lembrou que viu o pato

La na mesa de oferenda

 

Ele achou a solução

Para o caso inusitado

Entregou aquela ave

La na casa de assados

Então relatou o fato

Disse comprei este pato

E ele tá mal temperado

 

E alguns dias depois

Minha mãe saiu comprar

La na casa de assados

Algo pra gente almoçar

Começou ai o transtorno

Agora a lei do retorno

Começava a se encaixar

 

O dono do tal comercio

Disse agora acabou tudo

Só tem esse frango gordo

Congelado e pescoçudo

A pechincha está aberta

Dependendo da oferta

Leva com bandeja e tudo

 

Minha mãe na inocência

Na hora nem desconfiou

Comprou sem saber o pato

No micro-ondas esquentou

Mas ao servir o recheio

Encontrou algo no meio

E o inesperado aflorou

 

La estavam as fotografias

Das modelos de evento

Coisa de algum maluco

Que sonhava no momento

Em escolher uma candidata

De preferência uma gata

Pra pedir em casamento

 

Desmanchado o feitiço

O povo caiu na real

O pato foi rejeitado

O feiticeiro se deu mal

O povo agora antenado

Já não come pato assado

Tudo voltou ao normal

 

E hoje o pato descansou

E não está mais a venda

Pois o meu pai devolveu

La pra mesa de oferenda

E cumprindo o seu papel

Virou título deste cordel

O pato que virou lenda

 

 

 

 

 

 

Pedrão Cordelista
Enviado por Pedrão Cordelista em 12/03/2024
Reeditado em 27/05/2024
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