Na moita, o prazer
Aquele campo escuro
A noite, vira motel
E de lá do meu muro
Sob a pouca luz do céu
Vejo corpos desnudos
Diante da lua de mel
Se enroscam no desejo,
Os amantes embebecidos
Entre abraços e muitos beijos
Deixam escapar os gemidos
E eu vejo corpos em lampejos,
Do meu muro escondido
Pervertido, eu não sou, não.
Sou apenas um observador.
E vejo ali o fogo da paixão
Queimar em labaredas de amor
E em meio aquela escuridão
Alguém em breve será avô
Já vi também ajoelhado
Diante de seu amante
Um rapaz meio encabulado
Com o meu ágil flagrante
Na mão escondeu o cajado,
O outro correu em instantes.
Entre a cidade e minha casa
Há um espaço desabitado,
Que pega fogo, vira até brasa
Nas noites dos apaixonados
Se alguém tarde por ali passa
Ver os amantes atracados
Eu mesmo já vi pernas
Sobre os ombros no ar
Uma mulher num pé só
Tentando se equilibrar
Quando passei tive pena
Daquela cena, atrapalhar
De roupa de academia
Parados ali no escuro
Dois rapazes gemiam
Num arranjo absurdo
Quando me aproximei
Um deles caiu ali duro
É que ele tentou correr
Mas nos pés a roupa caiu
O outro já tava longe
Que nem essa cena viu
O seu prazer virou dor
A mão na cara ele botou,
Se encolheu e a bunda abriu
Passei de moto e a luz
Nítida, a cena mostrou.
Fiquei muito constrangido
Com aquilo que se passou
Porém, não era minha culpa
Tudo era culpa do amor.
Vi depois outras cenas
Dessa mesma natureza
Mas quase nada eu vi
E outras não tinha certeza
De serem cenas de sexo
Sou essas eu vi com clareza