Saudades da minha terra
Distante da minha terra
Relembrando meu passado
Fico logo emocionado
Ao ouvir um pé de serra
Um cabritinho que berra
Na fartura do pomar
Leite fresco pra tomar
Um tum tum tum no pilão
Faz lembrar do meu sertão
Então me ponho a chorar
Milhas e milhas distante
Dos meus saudosos parentes
Mas que nunca estão ausentes
Lembro deles todo instante
Até do sol castigante
Também me pego a lembrar
Me fazendo emocionar
Apertando o coração
Faz lembrar do meu sertão
Então me ponho a chorar
Lembro a casa de farinha
Na fazenda do meu tio
Ficava horas a fio
No alpendre da casinha
Toda tarde até noitinha
Vendo a lua despertar
Ouvindo o rádio a tocar
Xote, xaxado e baião
Faz lembrar do meu sertão
Então me ponho a chorar
Sempre assim ao fim da tarde
Enquanto o Rei Sol sumia
Recitando poesia
A passarada em alarde
Até da pimenta que arde
Que eu pegava pra botar
Na sopa do meu jantar
Ou em qualquer refeição
Faz lembrar do meu sertão
Então me ponho a chorar
Agora fica a lembrança
Povoando minha mente
Digo que sigo contente
Mesmo com tanta mudança
Ponho tudo na balança
E vos digo que apesar
Do que precisei passar
Nada disso foi em vão
Mas lembrando do (meu) sertão
Eu só me ponho a chorar