A FESTA DOS MOSQUITOS
A festa dos mosquitos
Miguezim de Princesa
Ô terra pra ter mosquito!
Tem o mosquito barbudo,
Tem o mosquito careca
Que parece um borrachudo,
Quando belisca a canela,
Arranca o couro com tudo.
Existem o mosquito frouxo
E o mosquito beiçudo,
Adora ferroar bunda:
Ferroou um cabeludo,
Se enrolou nos cabelos
E entrou no zói miúdo.
O mosquito delicado
Tem a fala um pouco fina:
Para enganar o povo,
Pica o braço da menina,
Mas acha esse sangue aguado,
Com um gostinho de resina.
Tem o mosquito estrelado
Com cara de general:
Diz que prende e arrebenta,
Faz o maior Carnaval,
Mas, quando a corda arrebenta,
Ele chora e passa mal.
O mosquito deprimido
Que, após a eleição,
Se deita em casa acamado,
Pensando em assombração,
E deixa o povo largado
Com a bandeira na mão.
Tem o mosquito inflamado,
Que sempre está com razão,
Seja direito ou canhoto,
Rejeita ponderação:
Se dois roubam, para ele
Só um é que é ladrão.
E na festa dos mosquitos
É encarnada a bebida:
A febre derruba ou mata,
Na entrada ou na saída,
Seja velho ou seja novo,
No fim quem sofre o povo
Aguentando a macaíba!