A FESTA DOS MOSQUITOS

A festa dos mosquitos

Miguezim de Princesa

Ô terra pra ter mosquito!

Tem o mosquito barbudo,

Tem o mosquito careca

Que parece um borrachudo,

Quando belisca a canela,

Arranca o couro com tudo.

Existem o mosquito frouxo

E o mosquito beiçudo,

Adora ferroar bunda:

Ferroou um cabeludo,

Se enrolou nos cabelos

E entrou no zói miúdo.

O mosquito delicado

Tem a fala um pouco fina:

Para enganar o povo,

Pica o braço da menina,

Mas acha esse sangue aguado,

Com um gostinho de resina.

Tem o mosquito estrelado

Com cara de general:

Diz que prende e arrebenta,

Faz o maior Carnaval,

Mas, quando a corda arrebenta,

Ele chora e passa mal.

O mosquito deprimido

Que, após a eleição,

Se deita em casa acamado,

Pensando em assombração,

E deixa o povo largado

Com a bandeira na mão.

Tem o mosquito inflamado,

Que sempre está com razão,

Seja direito ou canhoto,

Rejeita ponderação:

Se dois roubam, para ele

Só um é que é ladrão.

E na festa dos mosquitos

É encarnada a bebida:

A febre derruba ou mata,

Na entrada ou na saída,

Seja velho ou seja novo,

No fim quem sofre o povo

Aguentando a macaíba!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 09/02/2024
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