Saulo e Neusa.

Dei a oportunidade

De Neusa poder falar

Com a possibilidade

Começou a me contar

O relato foi sofrido

Pois Saulo, o seu marido

Decepção fê-la passar.

Saulo, bem inconsequente,

Não sabia o que queria.

Tinha desejo ardente

Que Neusa o aceitaria

Enquanto não conseguiu

E o pai dela consentiu

A Neusa cortejaria.

Na fábrica que chegou,

Dando emprego na cidade,

Cada um trabalhou

Numa das atividades.

Saulo, melhor montador,

Disposto e trabalhador

Teve oportunidade.

O gerente que negava

Foi trocado de função

Era aquilo que faltava

Para ter a promoção.

Finamente conseguiu

Com o chefe que saiu

Aí teve projeção

Assim veio a mudança

Saulo queria a gandaia

E mesmo pai de criança

Queria rabos-de-saia.

Deixou família de lado

Não lembrava ser casado

Curtindo o sol na praia...

Um dia Neusa flagou

Saulo no seu celular

Ela enfim desconfiou

E pegou só para olhar.

Confirmar a traição,

Foi seta no coração

Queria se separar!...

Chamou Saulo para olhar

E ver sua reação,

Saber se ia negar

Esta sua traição.

Saulo bem senhor de si

Disse não estar nem aí,

Discutir sem ter razão...

Neusa só fez arrumar

Os pertences do marido

Para que fosse pegar

E nada foi esquecido.

A princípio, arrogante,

Negou ter uma amante:

Sua nega ter traído...

Seu Hortêncio, pai de Neusa

A filha foi defender:

Onde está aquela Deusa

Que usou para mim ver,

Dizendo fazer feliz,

Tornar a imperatriz

No lar no lar que ia fazer?

" Eu não tenho muito estudo,

Assim como você tem,

Mas acima disso tudo

Trabalhar a mim faz bem!

Minha Neusa como eu

Comigo foi que aprendeu

A ter palavra também...

Mentir faz até roubar

É uma coisa bem feia

Você a gente enganar,

Tirar boa fé alheia!

Se ela querer um dia

Ir pra sua companhia

Antes leva uma peia!"

Deslumbrado com dinheiro

Que veio com a promoção

Demonstrou os verdadeiros

Defeitos do coração,

Que o dinheiro aflorando,

Aos poucos foi demonstrando

A maldade com opressão.

Neusa que foi seu sonho

Agora com a rapariga

Era problema medonho

Com suas constantes brigas

Pois não era a ideal

Ao status social

A sua mulher antiga.

Até a filha que deu

Não considerava mais

Neusa era um calo seu

Que lhe doía demais

E, com a separação,

Não queria dar pensão,

Visitar foi incapaz.

O ódio à situação

Que veio com o divórcio

Invadiu seu coração

Fora um péssimo negócio,

Só fizera atrapalhar

Precisava se livrar

Acabar com o consórcio.

"Todas três devem morrer!"

Saulo via solução

Para livre ir viver

A vida de curtição.

" A casa eu vou tirar!"

Poderia alugar

"Era dinheiro na mão!"...

Laura, a jovem amante,

Seria a titular.

As decisões importantes

Ela passou a tomar.

E queria garantir,

Agora, além se sair,

Começou a opinar...

Ela queria buscar

De casa poder sair

Agora ia contar

E com Saulo conseguir.

Pois se vendo no comando

Saber que ia ganhando

Para poder extrair...

Além dos muitos presentes

Os passeios escolhia.

Nunca batia de frente

E aos poucos conseguia

Do amante apaixonado

Mantendo bem a seu lado

Da filha se esquecia...

Bruna ainda criança

Perguntava pelo pai

E entre suas lembranças

O porquê não vinha mais

Só vinha uma vez por mês

A Neusa de tudo fez

A menina sofria demais

Cadê aquela paixão

Que nutria de criança

Presente no coração?

A brasa de esperança

Porque nunca desistiu

Seu Hortêncio consentiu

Por ganhar a confiança.

E não entendeu jamais

De Saulo esta mudança

Porque tem um pouco mais

Não quer saber da criança

A Neusa ele acolheu

Por ela ser sangue seu

E deixou já co'a herança.

Saulo com unhas e dentes

Conseguiu se destacar

Buscava ser um gerente

Rápido foi alcançar

Era o melhor funcionário

Com aumento de salário

Começou a farrear.

Neusa, sua companheira,

Começou a desprezar.

Ela notou a maneira,

De Saulo a lhe tratar.

Absolutamente nada

Ela muito delicada

Buscava lhe agradar...

Ele tinha como escrava

Só faltava lhe bater,

Porque não adiantava

Roupa e o de comer.

Eram sempre criticados

E nada valorizados,

Como formas de ofender.

Na sexta-feira saía

Sem horas para voltar

Com o os seus amigos ía

Na noite raparigar.

Voltava todo amassado

Tendo dinheiro gastado

Para as despesas do lar.

Mesmo assim sem ter razão

Pela bebida aturdido

Ia buscar discussão

Via assim o marido

Preparava o seu ganho

Numa calma sem tamanho

E não dava um gemido...

Depois que Saulo acordava

Já na boca da noitinha

A rede que ele sujava

De molho ela mantinha

No varal era sacada

E passava pendurada

Do quintal a Neusa vinha.

Saulo era irascível

Vinha do temperamento

Neusa não ia ao nível

Com este comportamento

Não adiantava falar

Com raiva ia ficar

E tornar-se violento.

No fundo era um doente

Que de ajuda precisava

E de modo inconsequente

A bebida só piorava.

Deixava faltar de tudo

Precisava ter estudo

Com trabalho compensava.

Com o vício da bebida

Mantinha a mediocridade

Estragava sua vida

Pelos bairros da cidade

Com Laura em um motel

Até mesmo num bordel

Com falsa felicidade.

Duas filhas muito lindas

Principalmente a caçula

Doida por ele ainda

Para ela não se anula

Mesmo sendo como era

Suas filhas como feras

Com carinho o circula.

No dia do passamento

Saulo ia passear

Porém no exato momento

A Neusa não quis deixar

De moto o seu marido

Que já havia bebido

Assim queria levar.

Daí veio o acidente:

Neusa sem admirar.

E gente ali presente

Dizia: não escapar!

O marido já bebido,

Bancando o maluvido

Outra não podia dar...

Para alguém sem ter um norte,

Com tremenda ousadia,

Queria afrontar a morte

Depois que muito bebia.

Desafiar o perigo:

Não era, meu caro amigo,

Coisa que se entenderia...

Com o acidente do marido

Traumatismo craniano

E em coma induzido

Médicos tentavam planos

Quanto a um tratamento,

Mas no exato momento

Salvar era desengano!

Mesmo assim tinha pena

Do quadro de seu marido,

Pois a criança pequena,

Que sem saber do ocorrido,

Pegou dele o celular

A mãe deixou-a ficar:

Era o luto já sentido!!!

Infelizmente não deu.

Após dias no hospital

O paciente morreu

Com edema cerebral.

A tentativa adotada

Acabou não dando em nada,

Foi triste pelo final...

Resolveu pedir as contas.

Não houve dificuldade;

Pois, no caminho só conta

Pela pontualidade...

Sem atraso, com produção.

Até mesmo no cerão

Não punha dificuldade.

O casamento acabou,

Dele ficou a lição

Porque tudo que passou

Não quer repetição,

Mas se no caminho cruzar

Com alguém que possa amar:

Um católico cristão.

Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 06/02/2024
Reeditado em 15/02/2024
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