CORDEL DOS SETE PECADOS CAPITAIS
Os versos que passo a escrever
Tratam de tema rançoso e pesado
Falarei da vileza aqui de dentro
Da alma, qual câncer encruado
Não há ser humano sobre a terra
Do futuro, presente ou passado
Salvante nosso Senhor Jesus Cristo
Que deixe de cometer um dos sete pecados
O primeiro é a avareza
Lepra, coisa ruim, sem qualquer beleza
Faz o cabra acumular riqueza
Achando que isso tem alguma serventia
Enche o celeiro, faz transborar a botija
Mas Deus brada do céu, sua voz a soar:
Louco, hoje pedirão tua alma
E tudo que juntaste em nada te valerá
A gula é o segundo pecado a se descrever
Nele, o homem não come para viver
Mas vive a vida inteira para comer
Tantos nesse mundo na fome e sacrifício
E o glutão sentado em banquete e desperdício
O terceiro pecado afeta a janela da alma
Terrivel coisa é o olhar do invejoso
A grama do vizinho é sempre a mais verde
Quem sofre desse mal é desejoso
Dos bens e dos pertences do alheio
Com seu olho seca-pimenteira asqueroso
Do quarto pecado agora hei de tratar
Parece mais com um surto
Que não nos deixa pensar
Na ira não há qualquer esperança
Pois deságua no mal da vingança
Quem sofre de luxúria, pecado de número cinco
Torna-se um Sísifo com a pedra rolando
No cume do morro recomeça tudo de novo
Com o seu prazer nunca saciando
O sexto pecado é do preguiçoso
Que gasta todo seu tempo no cruzar
De braços esperando a sorte mudar
Bom seria se observasse da formiga o labor
Bicho que tudo faz com dedicação e primor
Do sétimo e último pecado tenho a dizer
Que todos somos iguais, do inicio ao fim
Ninguem é maior ou menor que ninguém
Senhor, livrai-nos de um coração soberbo, amém