Jardim Progresso é casa da Jurema tão Sagrada!
O cordel é patrimônio
literário popular
desse país, o Brasil,
e eu, simples potiguar
nascida cá em Natal
Já versejo quase igual
ao poeta milenar.
Sou Amanda Simpatia
do Rio Grande do Norte
e neste cordel direi
sobre a religião forte
que tem por nome Jurema
desde o tempo de Iracema
expondo só um recorte.
Um recorte bem simbólico
do culto à religião
praticada pelos povos
originários do chão
que abriga o Brasil
antes dos anos dois mil
sem a colonização.
A Jurema é um pau
de ciência e saber
onde seres encantados
atuam e vão viver
nas cidades construídas
e do encanto atribuídas
com seus mestres de poder.
Jurema Preta tem nome
científico que vigora
na ciência mundial
que reconhece e embora
não seja mais popular
é bem fácil decorar
O Mimosa Tenuiflora.
O chá de Jurema Preta
é ciência ancestral
preparado por indígenas
antes da Era Cabral
para tomar no toré
reavivando a fé
do plano espiritual.
Na ciência da Jurema
trabalham os encantados
os índios e caboclinhos
mestres e mestras aos lados
boiadeiros, marinheiros
as bruxas e feiticeiros
ciganos e outros sagrados.
A Jurema é Sagrada
desde a Era Ancestral
pois sua raiz bem cura
o ser dimensional
e seus ramos têm verdade
que a flor de cada cidade
só diz ao transcendental.
Assim sendo, vou contar
de uma certa região
que abriga a Jurema
e guarda sua tradição
desde antes de dois mil
no território Brasil
enraizando o chão.
Situado em Natal
no Rio Grande do Norte
Jardim Progresso surgiu
no bairro de grande porte
após mil e novecentos
e noventa, sem lamentos
foram além da Boa Sorte.
Localiza-se no bairro
chamado Nossa Senhora
da Apresentação e lá
a Jurema também mora
junto às casas de Umbanda
cada qual com sua banda
chama seus mestres na hora.
O Jardim Progresso é
hoje, uma comunidade
de loteamento onde
abriga a diversidade
de terreiros da Jurema
ciência que tem o lema
de nossa ancestralidade.
Enquanto Jardim Progresso
foi firmando a extensão
no território de Nossa
Senhora Apresentação
moradores do lugar
terreiros pôs-se a firmar
com a Jurema em expansão.
Iniciando nas casas
os encontros para a mesa
os médiuns com seus cachimbos
ao redor da vela acesa
cantavam e recebiam
as entidades que viam
trabalhar, fazer surpresa.
Adiante lhes direi
sobre alguns pioneiros
dentro da comunidade
que firmaram seus terreiros
seguindo o mapeamento
e também apontamento
daqueles nossos parceiros.
Conversamos com alguns
e deles irei falar
já que outros foi difícil
até de se encontrar
porém quem nós encontramos
a história abraçamos
para poder partilhar.
João Padilha, um dos tais
que a missão abraçou
de firmar o fundamento
da Jurema que plantou
é mais um dos que primeiros
acolheu os catimbozeiros
na casa onde morou.
Realizou muitos trabalhos
inclusive,a caridade
doando a quem não tem
alimentos e amizade
hoje, seu templo cresceu
pois nunca esmoreceu
sua força de vontade.
Também há outra pessoa
de bastante referência
embora não tenha sido
na região a vivência
mas todo mundo conhece
e dela ninguém esquece
pois sabem da resistência.
Ela é dona Nicinha
que a muitos ajudou
abriu casa noutro canto
mas em Jardim repousou
e ainda fez seu progresso
ensinando o acesso
para quem nela chegou.
Tem as casas de caboclos
tenda Cabocla Jacira
Tenda do Cobra Coral
que dão fartura em gira
José Pelintra também
tem sua tenda e vem
ajudar quem bem aspira.
Uma casa bem antiga
Por Ogum fortalecida
é do mestre Zé Tourino
onde a benção é tecida
Didjo é seu zelador
que mantém com muito amor
a função atribuída.
A cada semana tem
Nessas casas de Jurema
mesas, toques também festas
que fortalecem o lema
de junto com a entidade
servir a comunidade
quando tem algum problema.
Na casa dos mestres têm
força e disposição
e quem frequenta confirma
a forte conexão
por exemplo, a dali
de Emanuel Paturi
o axé é de montão.
É uma casa recente
que promete avançar
pois até os protestantes
às vezes vão ajudar
no ato da caridade
porque na diversidade
o amor sabe reinar.
Outro exemplo, vou dizer
é Mãe Telma de Oyá
mulher forte, destemida
que tem sua casa lá
Quebra-Pedra é o mestre
e quando vem num terrestre
todos vão lhe saravá.
Além desses sobreditos
tantos terreiros contém
dentro da comunidade
abençoando quem vem
buscar cura e saber
se firmar e conhecer
na ciência do além.
Em Jardim Progresso é
normal ouvir batucada
pois em cada rua tem
uma casa consagrada
de Umbanda, Candomblé
com a Jurema no pé
vigiando a morada.
São mais de 20 terreiros
dentro da comunidade
zelando pela ciência
que traz cada entidade
e com outros partilhando
para espaço ir ganhando
no restante da cidade.
É importante saber
reconhecer o antigo
costume dos nossos povos
que preservaram consigo
diante de tanta guerra
pois ainda não encerra
no humano o perigo.
Existem uns ideais
por alguns grupos seletos
de causar destruição
ao que eles não têm afetos
oprimem e impõem ordem
e caso outros discordem
extinguem os seus trajetos.
Por isso esse cordel
veio contar essa história
tão real em nossas ruas
registrando trajetória
d’ uma ciência sagrada
e por tantos praticada
nas rodas de oratória.