Um amor a misantropia
Na ordem dos falconiformes
Convívios só são gregários
Entre espécies carniceiras
Nos corpos comunitários
Atraídos por odores
Chegam urubus, condores
E outros abutres sicários
Há também os solitários
Ao exemplo dos falcões
E o instinto antropofóbico
Das águias e gaviões
A eremítica tendência
Que rejeita a convivência
São traços de evoluções
O homem vive em multidões
Sendo presa e predador
Nos outros e nele mesmo
O instinto é destruidor
Cada homem, uma unidade
Que unidas na sociedade
Coletivizam o horror
Sendo caça e caçador
Humanos predam humanos
Predação intraespecífica
Sem fatos darwinianos
Se caçam por egoísmo,
Ambição, materialismo,
Poder e impulsos insanos
A águia não caça a águia
Falcão não caça falcão
Nunca vi um fratricídio
Na concha de um ermitão
Pode ser misantropia
Mas quem sabe a harmonia
Possa vir da solidão...