O APELO DA NATUREZA Francisco Luiz Mendes
O APELO DA NATUREZA
Francisco Luiz Mendes
Por que você me maltrata?
Eu só quero o seu bem
Mato a sua sede ardente
E a fome quando ela vem
O que me falta fazer
Afinal, qual o porém?
Qual a razão e o motivo
Desse ódio seu em mim?
Diga-me: Que mal lhe fiz
Pra você querer meu fim?
Eu não me lembro o motivo
De tanto desgosto assim?
Não dói no seu coração
Quando atiça fogo em mim?
Pois em cada labareda
Como choro muito, sim.
Tudo que você escuta
São minhas dores, enfim.
Tenho o céu por testemunha
Mal jamais lhe desejei
Ao contrário meu amigo,
Pois eu sempre lhe ajudei
Nas suas necessidades
Juro, nunca me neguei.
Viva e deixe-me viver
Se eu lhe peço, por favor,
Por que você me persegue,
Oh, meu amigo, senhor?
Bote a mão na consciência
Imagine minha dor.
E você quando me fere
Com a sua ferramenta
A minha alma vai além
Até fico sonolenta
Sem forças pra reagir
O céu é quem me acalenta.
No tempo fico gemendo
Grande é minha dor, enfim.
Os meus aliados choram
Com piedade de mim,
Mas nada podem fazer
Ante do meu triste fim.
Contudo, para você
Tudo é muito natural.
E se eu vier a morrer
Não tem nenhum funeral,
Qual a importância que eu tenho
Para você, afinal?
Será que você não vê?
Está até se matando!
Cada vez que me envenena
Seus dias vão encurtando
Por mim, amanhã, quem sabe
Esteja você chorando.
Além disso, em seu entorno
A água suja amanheceu.
E consigo, você disse,
Pois não é problema meu
Enfim, não estou nem aí!
Quem a sujou não fui eu.
Meu caro amigo senhor
Preste-me bem atenção.
Você tem tudo de bom
Cá neste velho mundão
Dê graças pelo que tem,
Mas nunca deboche não.
Sou e serei o seu sustento
Ainda não percebeu?
Em que mundo você vive?
Tudo que é meu é seu
Por isso, meu caro amigo,
Também o que é seu é meu.
Pois essa atitude sua
Não entendo infelizmente
Aliás, a meu favor,
Creio que tem muita gente.
Não sei porque só você
Comigo é tão diferente.
Mas as mesmas atenções
Que tenho para contigo.
Até dou para os outros,
É assim que se faz amigo,
Porém somente você
Quer ser o meu inimigo.
Quero ter sua amizade
Que seja assim, infinita.
E vista por todo mundo
Tal estima mais bonita,
Que este laço de afeição
Dia a dia se repita.
Eu, gostaria e muito
É de sua proteção.
Ajude-me, por favor,
Na minha preservação.
Faça sua propaganda
Do mundo chame a atenção.
Nem tão somente você
Seja culpado sozinho,
Mas se tiver alguém que,
Queira mexer o pauzinho.
Sei que vou sobreviver
Ainda por um tempinho.
Seja a minha voz, então,
Suplico a todo momento.
Não me deixe sucumbir
Alivie meu sofrimento
Oh, meu caro senhorio,
Tenha sim, mais sentimento.
Será que ninguém escuta
Neste velho mundo cão,
Meu gemido todo dia,
De dor e muita aflição?
Parece que alguém é surdo
Ou se faz de bobalhão.
A voz do povo não é
A de Deus, como se diz,
Por fim, se fosse verdade,
Ah, eu seria feliz!
E hoje estou sofrendo
A dor de ser infeliz.
Eu já não suporto mais
Tanta fumaça engolir.
Oh, homem porque você,
Tanto me quer destruir?
Que vantagem você tem,
Querendo só me ferir?
Você sabe muito bem,
Não sobrevive sem mim,
Precisamos um, outro,
Pois isso, é verdade, sim,
Se não ficarmos unidos,
Logo será o nosso fim.
Pense bem, antes de tudo,
Para não se arrepender.
Para o “leite derramado”,
Não há mais o que fazer.
E cada soluço seu,
Vai lhe trazer mais sofrer.
Eu dependo de você,
Mas você também de mim.
Vamos unir nossas forças
Para chegarmos num sim,
Pois assim se nós fizermos
Brindaremos com um tim-tim.
E se quiser você pode
Qualquer hora me ajudar
Eu estou de prontidão,
Pois é só sinalizar.
Por favor, não se demore,
Venha logo me salvar.
Ouça-me com atenção!
Seja pobre ou seja rico,
Apelo para você,
Não fique de paparico.
Afirmo: Você está
Numa sinuca de bico.
O tempo é muito voraz,
Não espera por ninguém.
Por isso, acorde homem!
Não fique nesse vaivém,
Sua vida corre risco,
Assim, a minha também.
Mexa-se, caro senhor!
Faça a coisa acontecer.
Pode ser tarde demais,
Não deixe o tempo correr,
Quando você despertar,
Nada poderá fazer.
Por favor, conscientize-se,
E haja com mansidão.
Eu lhe peço, caro amigo,
Ouça minha apelação.
Proteja e também ajude,
Na minha preservação.
Estou aqui lhe pedindo,
Se acaso fizer assim,
Ficaremos bem mais fortes,
Pode acreditar em mim,
Porque a nossa união,
Será um laço sem fim.
Não me negue, por favor,
Sua colaboração.
E faça já sua parte,
Abrace, pois, a questão.
Levante a nossa bandeira,
Bote nela o coração.
Oh, homem não seja rude,
Seja só delicadeza.
No seu entorno que lindo!
Enxergue quanta riqueza!
Mais uma vez, por favor,
Ouça a voz da Natureza.
Fim.