"UM CABRA "VÉI" DE FÉ"

Em um lugar bem distante

Onde findava o mundo,

Morava um iracundo

Filho dum comerciante,

Um cabra "véi" arrogante

Que exalava preconceito,

Não amava um sujeito!

Inclusive os filhos seus,

Pensava que era um deus

Inda queria respeito.

Um cabra metido a besta

Mas era um miserável

Sujeito desagradável,

Em uma manhã de sexta

Ele levava uma cesta

Na direção da calçada,

Com comida estragada

Entregou pra um rapaz,

Com seu semblante sem paz

E sua testa enrugada.

O povo se revoltava

Pelas atitudes dele,

Pois todos sabiam que ele

Castigava, humilhava

Ele Cuspia pisava

Aquele moço carente,

Deserdado, indigente

Que queria ser amado,

Cuidado e respeitado

Ser tratado como gente.

O tempo é mensageiro

Que sempre traz um recado,

Ele chega bem calado

É profeta verdadeiro,

Não liga pra o dinheiro

Responde pobre, grã-fino,

Velho, rapaz e menino,

Humilhado, exaltado

Até gato escaldado

Sulista ou nordestino.

O tempo trouxe recado

Na forma duma doença,

Como a dura sentença

Condenação do pecado,

Desse cabra condenado

Com o coração de gelo

Corcunda como camelo,

Pois carregava maldade

Era ruim de verdade

Nem ligava "pru" apelo.

Cada dia ia a pior

Debilitado, doente,

E sempre impaciente

Querendo ficar melhor,

Sua testa pingava suor

Seu "estambo" revirava,

Ele não se entregava

Lutava arduamente,

E com a força da mente

Sua dor não abrandava.

Nos dias de solidão

Seu coração derreteu,

Que se dizia ateu

Começou pedir o perdão,

Piedade, compaixão

Ao Pai do céu Criador,

O que ama pecador,

Mas não gosta do pecado,

Nem tampouco o errado

Que pensa ser o senhor.

Com tempo pra reflexão

Sobre suas atitudes,

Ele não achou virtudes

Só um duro coração,

Se embrenhou na razão

Perdido em seu orgulho,

Isso lhe deu um embrulho,

Ficou com nojo de si

A ficha caiu ali

Quando cessou o barulho.

Quando a mente silencia

Ouvimos a consciência,

E vemos a consequência

Do que plantamos no dia,

Ouvimos a melodia

Com notas só de lamento,

Esse é um sentimento

Que faz rever os conceitos

Pra melhorar nossos feitos

Mudar o comportamento.

O resultado do exame

Foi seu grande pesadelo,

Alguém raspou seu cabelo

Quase lhe deu um derrame

E ele com seu "avexame"

Queria voltar para casa,

Porém, ninguém lhe deu asa

Pediram para ter calma

Tranquilidade na alma,

Mas esquentou feito brasa.

Era câncer no tutano

Na medula espinhal,

Que foi como um punhal

Que fere cabra tirano,

Esperou mais de um ano

Um doador compatível,

Mas parecia impossível

Acontecer uma cura

E acabar com a tortura

Seu sofrimento terrível.

Você lembra do rapaz

Que vivia lá na calçada

O qual ninguém dava nada

Pra muitos um incapaz?

Era a cura eficaz,

Ele era o seu filho

Tornou-se um maltrapilho,

Nunca teve atenção,

O menino Sebastião

O chamado “empecilho.

Ele tinha muito amor,

Mesmo não sendo amado

E nem tampouco cuidado,

E nunca guardou rancor,

Mesmo com vida sem cor

Não maltratava ninguém,

Sua bondade ia além

Dos maus tratos que sofreu

Sebastião entendeu

Que mal se paga com bem.

Um dia chamaram o Tião

Para comer um inhame

E falar sobre o exame

Se tinha disposição,

O cabra deu grande lição

De como devemos amar

Está pronto a perdoar

E mesmo injustiçado,

Pois o mal é desarmado

Quando não deixamos entrar.

E disse: — eu sou vacinado

Contra toda amargura

Pois eu tenho a alma pura

Não fico aperreado,

Meu coração é regado

Por uma cascata de fé

Jesus me colocou de pé

Quando eu perdi o meu chão

Ele me estendeu a Sua mão

E me ofereceu café...

— Meu Jesus janta comigo

No banquete da oração

E vive no meu coração

É verdadeiro amigo,

Ele é o meu abrigo

Quando sinto fome e medo,

Ele me conta o segredo

Da alegria verdadeira,

Pois a dor é passageira

Ele voltará bem cedo.

Veja só que testemunho

Desse cabra "véi" de fé!

Apenas é o que é

Simplesmente um rascunho,

Foi escrito pelo punho

Do Escritor da história

O que habita na glória

O Deus todo Poderoso,

O Deus que é caprichoso

E nos tem em sua memória.

A medula compatível

O homem ficou curado,

Além do mais transformado

Pelo Deus do impossível,

O Pastor que trás alívio

Para até quem tanto erra,

Pois não conheço na terra

Ninguém que seja perfeito,

Mas quem faz tudo bem feito

Traz paz em meio a guerra.

A história mudou a rota

Pelo ato de bondade

Revelando a verdade

Que o mal teve derrota,

Ajudar não é lorota

É fazer a diferença,

Isso mudou a sentença

Dum sujeito condenado

Que estava todo errado

Em uma vida sem crença.

Acreditar na mudança

Crê no novo recomeço,

Ter fé muda o endereço

De toda desconfiança,

E faz brotar esperança

Em um coração meio duro,

Acende a luz no escuro,

Jorra água no deserto,

Deixa nosso ser aberto

Para um feliz futuro.

Poeta Cupirense
Enviado por Poeta Cupirense em 01/12/2023
Código do texto: T7944567
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