O FILHO PRÓDIGO

Num cenário bem antigo

Foi contada a história,

Duma família comum

Que mudou a trajetória.

Dobre a sua atenção,

Pois com muita inspiração

Cravarei em s'ua memória.

Era um pai e dois irmãos

Que viviam num lugar,

Em aparente harmonia

Sem ninguém pra questionar.

Porém houve um velório

Que não tava tão notório,

Até um filho falar.

Deu o pai por falecido

O próprio pai nem sabia,

Então outorgou herança

Pra o filho que pedia:

"Dai-me os bens que me cabe,

Pois o senhor já bem sabe

Que não tenho alegria!"

"Preciso de liberdade

Construir o meu futuro,

Quero sair desse luto

Desse castigo tão duro.

Essa casa é suplício

Já, já eu vou pro hospício

Para um quarto escuro!"

"Não existe um motivo

Para eu permanecer,

Hoje, eu estou vazio,

Eu preciso me encher.

Já que você já morreu

Vou levar o que é meu

Não tenho tempo a perder."

O pai entregou sua parte,

Seu filho, logo embora.

Com tristeza na s'ua face

Chorando naquela hora.

Respeitou a decisão,

Mesmo com o coração

Querendo pular pra fora.

O jovem perdeu a noção,

Esbanjou sem ter prudência,

Vivendo como devasso,

Curtindo independência.

Não ligava para nada

Seguindo a sua jornada

Sem ligar pra sua essência.

Porém tudo tem um fim,

Nem sempre tudo vai bem.

Quando a falta chegou

Ele não achou ninguém.

Descobriu que a maioria

Só fazia companhia

Por conta do seu vintém.

Procurou desesperado

Um emprego com alguém

Descobriu que o coração

Só dar aquilo que tem.

Apascentar os suínos

Era contra os ensinos

Que ele jogou no além.

E ali, em meio a lama

Ocorreu ressurreição,

Lembrou-se do velho pai,

Do exemplo, compaixão

Como tratava os criados

Que estavam em seus cuidados

Sempre com dedicação.

Disse: Vou voltar pra casa!

Lá irei pedir perdão,

Pois pequei contra o céu

Vendi a filiação.

Coloquei na sepultura

O ser com maior ternura

Que sempre me deu a mão.

O pai avistou de longe

Todo coberto de lama,

Com os seus pés descalços.

Para o povo conclama:

Meu filho ressucitou

E para casa voltou!

Então mostrou que o ama.

Tragam um boi bem cevado

Para comemoração,

Sandálias e novas vestes,

Anel de filiação.

Venham todos festejar,

Vamos juntos adorar

Com intensa gratidão!

Chegando o seu irmão,

Perguntou ao empregado:

Que comemoração é esta

Que eu nem fui convidado?

É que seu irmão voltou!

Foi seu pai que decretou

Esse dia abençoado.

Conversando com o pai

Sobre aquela ocorrência,

Julgou logo seu irmão

Com base na aparência.

Porém o nobre senhor

Com um olhar de amor

O ouviu com paciência.

Nunca deste um cabrito

Pra eu poder festejar,

Porém para aquele

Que só sabe esbanjar

O senhor fez um churrasco

E dizem que sou carrasco

E sei apenas condenar.

Olha meu filho amado

Tudo que tenho é teu,

Porém era necessário,

Pois meu filho reviveu

Ele que tinha morrido

Confuso e iludido,

Ele pensava que foi eu.

Estava morto, reviveu,

E perdido, foi achado,

O mundo promete tudo

Com a isca do pecado.

Mas o final é igual,

É só no Pai Celestial

Que de fato, és amado.

Poeta Cupirense
Enviado por Poeta Cupirense em 30/11/2023
Código do texto: T7943697
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