Amigo secreto do matuto

Num sertão distante, onde o sol castiga

Vivia Zé Miséria, sem grana e intriga

Amigo secreto se aproximava, que agonia

Zé coçava a cabeça, pensava todo dia

“O que dar de presente? Pobreza é de fato

Mas com criatividade, eu dou um trato!”

Na feira, garimpou com destemor

Uma meia furada e um botão de flor

Seu amigo secreto, na cidade vivia

Pessoa aventurada todo dia

Zé Miséria sorria, pensou com razão

“Uma saca de estrela é minha solução!”

Na esquina da rua, encontrou um brechó

Um chapéu esburacado, com muito pó.

Zé Miséria ria, sua ideia brilhava

“Pra proteger do sol, essa palha salvava!”

Na casa humilde, preparava o embrulho,

Com jornal amassado, era seu orgulho.

“Papel de presente? Luxo pra burguês!

Com simplicidade, o sorriso é o freguês.”

Chegou o dia, a troca de presentes começou

Zé Miséria observava, seu coração saltou

O amigo sorriu ao ver o tesouro

“A meia furada! Que presente de ouro!”

Todos riam, o chapéu foi experimentado

No campo, o caipira se sentiu premiado

Zé Miséria orgulhoso, sua escolha acertada

“Presente de pobre, mas com alma engraçada!”

Na roda de amigos, risadas se espalhavam,

Histórias simples, laços que se criavam

Zé Miséria, sem grana, mas rico em calor

No sertão, a amizade é o maior fulgor

Bernardo Cardoso
Enviado por Bernardo Cardoso em 29/11/2023
Código do texto: T7943262
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