Amigo secreto do matuto
Num sertão distante, onde o sol castiga
Vivia Zé Miséria, sem grana e intriga
Amigo secreto se aproximava, que agonia
Zé coçava a cabeça, pensava todo dia
“O que dar de presente? Pobreza é de fato
Mas com criatividade, eu dou um trato!”
Na feira, garimpou com destemor
Uma meia furada e um botão de flor
Seu amigo secreto, na cidade vivia
Pessoa aventurada todo dia
Zé Miséria sorria, pensou com razão
“Uma saca de estrela é minha solução!”
Na esquina da rua, encontrou um brechó
Um chapéu esburacado, com muito pó.
Zé Miséria ria, sua ideia brilhava
“Pra proteger do sol, essa palha salvava!”
Na casa humilde, preparava o embrulho,
Com jornal amassado, era seu orgulho.
“Papel de presente? Luxo pra burguês!
Com simplicidade, o sorriso é o freguês.”
Chegou o dia, a troca de presentes começou
Zé Miséria observava, seu coração saltou
O amigo sorriu ao ver o tesouro
“A meia furada! Que presente de ouro!”
Todos riam, o chapéu foi experimentado
No campo, o caipira se sentiu premiado
Zé Miséria orgulhoso, sua escolha acertada
“Presente de pobre, mas com alma engraçada!”
Na roda de amigos, risadas se espalhavam,
Histórias simples, laços que se criavam
Zé Miséria, sem grana, mas rico em calor
No sertão, a amizade é o maior fulgor