SER GENTE DE VERDADE

Sucesso

Eu entendo o poder

Que tem a educação

O quanto abre as portas

Como traz transformação,

Isso é animador:

Um simples virar doutor

E mudar o seu destino,

Com a arma do estudo

Possuir e ser de tudo

Feito sonho de menino!

Menino é sonhador

É chefe, policial,

Arquiteto, astronauta,

Vigário episcopal,

Tudo cabe no seu sonho.

Até palhaço risonho

Cabe dentro do roteiro,

Criança é criativa

Sua alegria incentiva

Toda dia, o dia inteiro

Conheci um garotinho

Filho de pais professores,

Porém não tinha atenção

Que compete aos genitores

Ele tinha grande sonho

De ser filho de seu Tonho

Que era pai de seu amigo,

Pois tratava como rei,

Se era culto não sei,

Mas pra Léu, era abrigo.

Tonho, era referência

Sem possuir um diploma,

Queimado com sol ardente

A roça era o bioma.

Homem simples de verdade

Desprovido de vaidade,

Que sempre soube respeitar,

Tratar sem indiferença

Na ausência ou presença

O cabra sabia amar.

Seu filho o amava tanto

Pela forma de ele ser,

Dizia pra os seus amigos

Que quando ele crescer,

Seria igual o seu pai

E sem ser do Paraguai

Como a caricatura,

Seguiria o seu exemplo

Igual devoto no templo

Que rejeita a mistura.

Pareceu meio confuso

Essa minha introdução

Porque comecei falando

Do poder da educação?

Pois é, meu caro leitor

Continue por favor,

Terá esclarecimento,

A história traz memória

Ao uma bela trajetória

Que mexe no entendimento.

Como a chuva cai na terra

O tempo corre veloz.

A honra é proteção,

Mas a falta é algoz.

O menino Léu cresceu

Seu caráter protegeu

Não vacilou um segundo.

Lá na universidade,

Mesmo com pouca idade

Não se corrompeu no mundo.

Porém aquele amigo

Da época da infância

Agora, era rapaz

Que só o via a distância.

Foi fruto de um sofisma

Com o tempo pegou cisma

Do povo do interior,

"Já que era alguém na vida"

Sua origem foi vendida

Por um diploma de doutor.

No dia da sua formatura

Ele não quis um parente,

Só a família da noiva

Gente de alta patente.

Tragado pelo orgulho

Tratou os seus, como entulho

Igual ruína no chão.

Foi pra o exterior

Disse que interior

Era baixo escalão.

Diferente lá na roça

Léu não perdeu sua essência,

Mesmo já sendo letrado

Dominava a ciência,

Morava com seu herói

Cabra de sangue no "zói"

Um espelho pro seu filho,

Nunca humilhou ninguém

Nunca tratou com desdém

E nunca perdeu seu brilho.

Humildade e respeito

Era a marca de seu Tonho,

O tempo mostrou a Léu

Que ele conquistou o sonho,

Nem foi menos, nem foi mais

Foi orgulho pru seus pais,

Pois ele foi ensinado,

Que exemplo é professor

Para onde o cabra for

E não ser contaminado.

O cabra internacional

Foi seguindo sua carreira

Conquistou muito dinheiro,

Lá em terra estrangeira,

Foi um homem de sucesso

Que pensava num regresso

E voltar para o sertão,

Descobriu que ter riqueza,

Nunca traz tanta certeza

E nem paz no coração.

Ouviu sempre dos seus pais

Que seu Tonho era um "nada",

Sorria de desespero

Tinha vida desgraçada.

Ele nunca viu assim,

Pois não comia capim

Porque não era jumento,

Tonho era referência

Um sujeito de essência,

Com simples conhecimento.

"Tinha dito que o mundo

Sempre será conquistado,

Com trabalho, humildade

Pelo simples ou letrado."

Os seus pais pegavam ar,

"- Há poder no estudar,

Isso sim é o caminho!"

Isso é parte da verdade,

Mas se cair na vaidade

Provará de muito espinho.

Ele viu isso no mundo

No meio dos empresários,

Gente morto no orgulho

Sendo apenas mercenários,

Escravos do "deus" dinheiro

Sugando o tempo inteiro,

Saciando a ganância,

E vivendo infelizes

Como plantas sem raízes

Sem lembranças da infância.

No início da carreira

Procurou a referência,

Para ser bem sucedido

E ter muita competência,

Só lembrava do Seu Tonho

Era o pai do seu sonho

Desde o tempo menino,

Lembrou-se do seu modelo

Té o jeito do cabelo

E do seu nobre ensino.

Começou a praticar

Cada um ensinamento,

E foi crescendo na graça

Base do conhecimento.

Então veio a tristeza

Logo a sua natureza

O fez lembrar do torrão,

Da vida no interior

E agora o doutor

Voltaria pra o sertão.

José aprendeu lição

Teve arrependimento,

Pois uma vida soberba

Estraga, conhecimento.

Não precisa arrogância

Ou criar uma distância

Da sagrada humildade,

A sabedoria começa

Quando existe uma pressa

De ser gente, de verdade.

José Jardeano (Poeta Cupirense)

Poeta Cupirense
Enviado por Poeta Cupirense em 29/11/2023
Código do texto: T7943163
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