Profeta nordestino
Do alto, a compadecida
Olhou para o Nordeste
E vendo o sofrimento
Do sertão ao agreste,
Enviou um mensageiro
Atendendo a muitas preces.
Disse ela: vai meu filho
E leve para aquela gente
Um pouco do alívio
Que o sorriso consente
E mesmo diante da dor,
Faça a alegria ser presente
O menino era nordestino
Suassuna, de nome Ariano
Aceitou o seu destino
E já cresceu fazendo plano
De transformar o desatino,
Escrevendo o cotidiano.
Falou de um homem sofrido
Com o nome de um animal.
Chamam ele de João Grilo,
Um grande cara de pau
Que representa o nordestino
De um jeito fenomenal.
O nordestino sempre foi
Na vida o grande trapaceiro
Vivendo sempre na pobreza
Sem quase nada de dinheiro
Aprendeu a enganar a fome
Fazendo preces ao padroeiro
É que essa terra é feita
De muita peregrinação.
Na reza ao santo se busca
Conforto para o coração
Que sofre com a luta
Contra a sua exploração.
A igreja foi representada,
Rodeada do povo e da fé.
Mas como toda instituição,
Corrupta a igreja também é
E o pobre do nordestino,
É só nossa senhora quem quer.
Por isso a santa mandou
Ariano o grande artista
Que nossa história contou
Sem tirar o riso da pista.
E com personagens mostrou
O nosso jeito tão simplista
Somos as festas de padroeira,
Amamos essa comemoração.
Somos aquela mulher arteira,
Temos um pouco de traição.
Amamos contar os causos,
Como Chicó, o nosso irmão.
O Nordeste também viveu,
A grande luta do embaraço
Que Ariano também mostrou
Naqueles homens, o cangaço.
Hoje se me chamarem pra briga,
Com certeza, eu logo passo.
É que João Grilo, Chicó,
Dorinha, Eurico e o Padre
Viveram toda a história
Que só na memória é que cabe
E olhando essa narrativa,
Só quem viveu no Nordeste, sabe
Que a seca é uma constante
Que o cangaço aqui reinou
Que teve guerra de volante
Que Coronel muitos explorou
E mesmo assim seguimos adiante
Carregados de muito amor.
Viva nós, viva o Nordeste
Esse povo faz seu destino.
Não esquecemos nossas raízes,
Nem mesmo os mais cretinos
É que tudo isso faz parte
De ser um verdadeiro nordestino.