Entre Epitáfios
Caminhando entre epitáfios
Relembro velhos amigos
Amores que partiram
Histórias de parentes antigos
E todos esses personagens
Repousam em seus próprios jazigos.
Caminhando entre epitáfios
Lembranças e saudades afloram
O silêncio inunda a alma
Mas rompem-se o silêncio e choram
Com joelhos dobrados no solo
Muitos oram e consolo imploram.
Caminhando entre epitáfios
Vejo uma garota num canto
Sentada entre os sepulcros
Derrama impiedosamente seu pranto
A saudade da avó corroe-lhe o peito
Afago seus cabelos num gesto de acalanto.
Caminhando entre os epitáfios
Vejo frases bíblicas que ressoam
Frases que pregam o perdão
Pois a todos Deus perdoa
Frases de efeito de algum filósofo
E saudações que em todos entoam.
Caminhando entre os epitáfios
O silencio inunda a alma
Leio pausadamente em uma lápide
Pois o silêncio pede calma:
Em letras de pura arte
“Aqui jaz Maria da Palma”.
Caminhando entre epitáfios
Joelhos dobrados fazem oração
Suspiros que saem do âmago
Fazem doer o coração
Sigo sem interromper
Aceno com gesto de educação.
Caminhando entre epitáfios
Vejo alguns visitantes que estão sós
Em dia dos mortos em novembro
Pois preferem calar a voz
Seguem em silêncio sozinhos
Pensando “quem somos nós?”
Lendo tantos epitáfios
Passo entre as tumbas com cautela
Respeito o espaço daqueles
Que a eternidade sempre zela
Sigo o caminho sem perguntar
Quem ali é sentinela.