O Rock do Roceiro
Um abestalhado me disse que eu deixei de ser rockeiro/
lhe respondi que roceiro convive com o rock-rock/
no barulho do serrote indo pra lá e pra cá/
quando começa a cortar madeira pra serventia,/
ou quando começa o dia a caminho do roçado/
pra não ficar atolado no lameiro da vazante/
no barulho impressionante de sua bota galocha/
que não teme areia ou rocha, e o rock-rock se escuta/
tem rock em toda labuta. como no arrastar da enxada,/
nas sementes peneradas no balanço da arupemba,/
no fuso de fazer renda, que enrola o fio de algodão,/
no abrasar do tição, consumido na fogueira/
no rangido da madeira da carroça a reboque./
mas quando enche o wood"estoque"
vou tocar meu violão/
pra mulher do coração que me ama e traz sossego,/
E até no nosso chamego a cama faz rock-rock.
Cicio Bonneges.