AS MUDANÇAS DA VIDA
Já foi bastante difícil
A vida do brasileiro
Porém, tudo tem mudado
De um modo bem ligeiro
Em passado bem recente
Usava-se fogareiro
Para poder cozinhar
Era preciso carvão
Ou ter lenha e querosene
Para acender o fogão
Só por volta de sessenta
É que veio o botijão
Quando o gás se acabava
Debaixo do botijão
Acendia-se uma fogueira
Para aumentar a pressão
O resto de gás sair
E não se ficar na mão
Para dar carga na pilha
Botava na geladeira
Ou se amolava gilete
Em copo nas suas beiras
E nos bicos dos sapatos
Usava-se uma biqueira
Na tv preto e branco
Pra torna-la colorida
Na tela papel de cor
A solução recorrida
Até em papel jornal
Se enrolava comida
Nas sandálias japonesas
Prego botava nas tiras
Carne se levava na mão
Pendurada numa embira
Calças velhas remendadas
De mescla ou de casimira
Cobrir livros escolares
Usando papel madeira
Bota meia-sola em sapato
Era coisa corriqueira
Não havia encanação
E nem se usava torneira
Para se comunicar
Era carta ou telegrama
Telefone coisa rara
Colchão de palha na cama
No mercado só havia
Cerveja Antártica, Brahma
Transportes eram ruins
Os famosos pau-de-arara
As ligações telefônicas
Difíceis e muito caras
Ter telefone em casa
Era coisa muito rara
Luz elétrica na tinha
À noite só lamparina
Ou uns candeeiros a gás
Casas de taipa sem sentina
Não havia supermercados
Nem farmácias nas esquinas
A comida era escassa
E poucos os restaurantes
As pessoas eram bem magras
Também bastante elegantes
Hoje tudo está mudado
E nada é como antes
Hoje tudo é bem fácil
Resolve-se na internet
Comida pelo Ifood
Remédio para diabete
Pede-se até sorvete
Rápido e não derrete
Para ir-se ao trabalho
Grande a dificuldade
Hoje trabalha-se on line
Estuda e faz faculdade
Faz até consulta médica
Tem essa modalidade
Mas todas essas mudanças
Tem reflexo negativo
Pessoas obesas nas ruas
Outras sem ter objetivos
Só presas ao celular
De um modo bem cativo
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, OUTUBRO/2023