SOS À NATUREZA DA CHAPADA DIAMANTINA
Já houve tempo bonito tudo bonito
Tudo bom verde e agradável
Subi num balão inflável
Reparando que era mito
Vi do para sua alma escrito
Animais de longa crina
Porém com carnificina
Acabou-se esta beleza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
Tanto fogo nos roçados
Tanta barragem no rio
Matam o bicho no cio
E não ficam conformados
Botam força nos machados
Até na madeira fina
Mas o meu instinto inclina
Resgatar a toda a riqueza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
Jacare e peixe grande
Colibri onça pintada
Mil aves na revoada
Quero que ali você ande
Mas ligeiro não desande
Se não encontrar a mina
Pô chegou a triste sina
O que resta a incerteza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
O povo depredador
Bate e corta mata esfola
Nunca frequentou escola
E tem receio de doutor
Pois um fiscal sem valor
Vem tomando carabina
Pra vender em outro esquina
Isso é que nos dá tristeza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
Do índio já nem se fala
Nem também da siriema
Não se sabe mais da ema
Todos caíram na bala
Agora o que nos entala
É saber que a concubina
Que arrecada Prata fina
Cada vez que é mais riqueza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
Na serra nas pradarias
Como a gruta dos brejões
Devoram como leões
Matando todas as crias
Se tu visse chorarias
De doer até a retina
La padre perde a batina
E macho perde a macheza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
O lucro é um pensamento
Cego e sem humanidade
Provocando esta maldade
De quem quer sair isento
Extinguiram o jumento
Foi a mais cruel chacina
Ele foi para a latrina
Em forma de calabresa
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
Periquito papagaio
Arara, Maracanã
A coruja e acauã
Perderam o penduricaio
Porém eu daqui não saio
Já acho que é minha sina
Condenar a carabina
Delatar a safadeza
S.O.S à natureza
Da Chapada Diamantina.
(Poeta Chyco Leite do Tareco)
Morro do Chapéu-BA, 1988