Poemas guardados

Limpando minha bancada

Ouvi um choro baixinho

Quando abri todas gavetas

Avistei um cordelzinho

Ainda mal acabado

Lá no fundo abandonado

Bem triste e só, sem carinho

 

A cena me comoveu

Perguntei aquele escrito:

- Por que choras cordelzinho,

O que lhe faz tão aflito?

Respondeu: - a ingratidão

- E também a solidão

- Sinto-me como um proscrito

 

Lembrei do seu nascimento

E qual foi a inspiração

Fala de um Pequeno Príncipe

Cheio de sonho e paixão

Mas por quê o abandonei?

Tantas horas dediquei

Na sua elaboração

 

O peguei bem comovido

E sacudi a poeira

Coloquei sobre a bancada

Com promessa verdadeira:

- Prometo lhe concluir

- Perdão por eu desistir

- De sua saga maneira

 

Nesse instante outros rumores

Muitos versos a gritar

Outros poemas guardados

Começaram a protestar:

- Também de mim esqueceu

- Você sempre prometeu,

- Versos não discriminar

 

- Lembra de mim seu poeta?

- Eu falo do Zé Limeira

- E de mim, ingrato vate

- Eu conto a história da Feira

Gritaria foi geral

Confusão bem surreal

Percebi que fiz besteira

 

Um Poema tal qual filho

Não se deve abandonar

Os versos tem sentimentos

Eles vão se magoar

Quando estão inacabados

Dê atenção e cuidados

Depois é só terminar

 

Tenha foco e objetivo

Não saia parindo a toa

Ter muitos versos guardados

Não é uma coisa boa

Faça poucos mais conclua

Senão é maldade crua

Que no mundo da arte ecoa

 

A lição hoje aprendi

Vou ter bem mais atenção

Com os meus versos guardados

Lhes darei mais proteção

Revê-los a todo instante

Sei que fui bem arrogante

Eu lhes peço meu perdão.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 22/10/2023
Código do texto: T7914485
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