O CALOR DO FIM DO MUNDO
O calor do fim do mundo
Miguezim de Princesa
Meu pai sempre me dizia,
O mundo vai se acabar,
Como ocorreu no dilúvio,
Desta vez pode anotar:
Tudo se acaba com fogo
Até a alma queimar.
II
Eu começo a suspeitar
Que o fim do mundo é chegado:
Em tudo quanto é lugar
Faz um calor tão danado
Que o povo anda se arrastando
Com a beira do toba assado.
III
Pra se sentar é de lado,
Protegendo o "cá-pra-nós",
Tanto queima quanto coça,
O suor desce na foz,
E acabou na farmácia
O estoque de hipoglós.
IV
Valei-me, rogai por nós,
Que tudo quer derreter,
E quem usa paletó
Como é que vai fazer
Com aquele nó de gravata
Em tempo de falecer?
V
O conhecido Irecê,
Quando sentia calor,
Tomava 80 cervejas
Numa caixa de isopor,
Um dia foi tomar 100,
Sumiu e nunca voltou.