Embate entre Frei Dimão e Kathmandu de Monay

(republicação)

Frei Dimão dita a jornada para Kathie

Mal o nosso dia começa

te acordo para as matinas

sabes, jovem, tenho pressa

de livrar-te das falsas doutrinas

Invocando a virgem pia,

acompanha esta prece minha

que seja jornada de alegria

e já te recito a ladainha

Ela é da imaculada

e também de todos os santos

e já vou dando uma ejaculada

pra aspergir todos os cantos

De bênçãos, o divino jorro

já está em pleno progresso

os ímpios gritam socorro

isso deu no reporteresso

Vou agora consagar o pão

que é nosso de cada dia

cuida do café prum batalhão

de almas que a gente sacia

Mete logo a tua burqa

pra te protegeres da cobiça

que a tudo ela conspurca

além de espalhar a preguiça

Certifica-te que trazes

as marcas de teu sacro vício

e com alvorecer faz as pazes

para te afogares no silício

Aos campos vou hoje levar-te

pra tarefas que vão te deliciar

aprende pois com zelo e arte

pros campos do Senhor lavrar

Cuida também das batinas surradas

que passaram dia e noite em labuta

aliviando almas penadas

uma e outra da mais dissoluta

E se na noite passada

saíste para namorar

hoje em tua jornada

irei te purificar

Ouve bem o que te digo

e põe tua mente a funcionar

corre de todo o perigo

e meu cajado vem lustrar

Eu te darei penitência grossa

dessas de muito arrepiar

tirando-te do fundo da fossa

pra tua alma não mais turbar

Comigo vem pois dividir

a consagrada hóstia santa

sem mastigar, deves engolir

a maravilha que toda moral levanta

Traz também meu comprimido azul

para termos toda certeza

que te percorro de norte a sul

e não nos pegue nenhuma surpresa

De Monay, faz as anotações, junto com as abluções - sem senões:

Generoso e amável frei Dimão//

Quero conhecer outras seitas\\

E com o santo dentro da minha mão//

Sei que instigarei a boa colheita\\

Vamos a nossa santa ladainha//

É de todas a que mais gosto\

Mas não me desfira c'o a tua bainha//

Antes do nosso santíssimo almoço\\

Quero aspergir também minh 'alma//

Para que me laves de todo pecado\\

Então chamarei o frei na ca(l)ma//

Para que tragas o seu duro cajado\\

Também quero todas as bênçãos//

Pois confesso-lhe minhas gozações\\

Venhas-me logo e dê-me tua unção//

E depois prazerosa faço genuflexão\\

Quero também nescau com leite//

Comer e beber para fortificar-me\\

Fazer o certo que é de deleite//

Para todos os santos tomarem-me\\

A burca será o meu escudo//

E exaltarei até os lírios\\

Mas deixe-me à mercê de seu taludo//

Para que depois eu faça o sacrifício\\

São sacro vícios, pode crer//

São até fenômenos místicos\\

Te agarrarei para tu reconhecer/

E só te soltarei no outro solstício\\

Sou-me como a ave dos campos//

E canto aos fiéis e a toda Galiléia\

\Deixo-os a vontade para comer o arroz//

E depois a minha broa com geléia\\

Tuas batinas são para mim o alívio//

E presto-me a cuidá-las com fervor\\

Traze-me o sabão, mas também o vinho//

Depois oraremos com muito amor\\

Purifica-me, meu santo padroeiro//

Não quero mais as tentações\\

Fuja comigo mas traga o pandeiro//

E do samba arrancamos confissões\\

Teu cajado sempre foi lustrado//

Lustrei-o como ninguém famais o fez\\

Portanto, és dessa santa o idolatrado//

E cuidado, não vá perder a tua vez\\

Quero as penitências mais duras//

Para provar-te como funciona\\

Até o Roberto carlos fica na fissura//

Agora é a vez de Caju e Castanha\\

Sou a glutona dessa sacra ceia//

Mas divido também meus sacro dotes\\

Espero ansiosa n'alguma peia//

E nas missões faço pacotes\\

Teu comprimido guardo comigo//

Ele tem o dom da espada de Jorge\\

Ereta, larga e pontiaguda para o inimigo//

Mas comigo vem boa no sacode\\

Paulo Miranda

Enviado por Paulo Miranda em 13/10/2014

Reeditado em 13/10/2014

Código do texto: T4996971

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Paulo Miranda

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Kathmandu

há 8 anos

Generoso e amável frei Dimão// Quero conhecer outras seitas\\ E com o santo dentro da minha mão// Sei que instigarei a boa colheita\\ Vamos a nossa santa ladainha// É de todas a que mais gosto\\ Mas não me desfira c'o a tua bainha// Antes do nosso santíssimo almoço\\ Quero aspergir também minh 'alma// Para que me laves de todo pecado\\ Então chamarei o frei na ca(l)ma// Para que tragas o seu duro cajado\\ Também quero todas as bênçãos// Pois confesso-lhe minhas gozações\\ Venhas-me logo e dê-me tua unção// E depois prazerosa faço genuflexão\\ Quero também nescau com leite// Comer e beber para fortificar-me\\ Fazer o certo que é de deleite// Para todos os santos tomarem-me\\ A burca será o meu escudo// E exaltarei até os lírios\\ Mas deixe-me à mercê de seu taludo// Para que depois eu faça o sacrifício\\ São sacro vícios, pode crer// São até fenômenos místicos\\ Te agarrarei para tu reconhecer// E só te soltarei no outro solstício\\ Sou-me como a ave dos campos// E canto aos fiéis e a toda Galiléia\\ Deixo-os a vontade para comer o arroz// E depois a minha broa com geléia\\ Tuas batinas são para mim o alívio// E presto-me a cuidá-las com fervor\\ Traze-me o sabão, mas também o vinho// Depois oraremos com muito amor\\ Purifica-me, meu santo padroeiro// Não quero mais as tentações\\ Fuja comigo mas traga o pandeiro// E do samba arrancamos confissões\\ Teu cajado sempre foi lustrado// Lustrei-o como ninguém famais o fez\\ Portanto, és dessa santa o idolatrado// E cuidado, não vá perder a tua vez\\ Quero as penitências mais duras// Para provar-te como funciona\\ Até o Roberto carlos fica na fissura// Agora é a vez de Caju e Castanha\\ Sou a glutona dessa sacra ceia// Mas divido também meus sacro dotes\\ Espero ansiosa n'alguma peia// E nas missões faço pacotes\\ Teu comprimido guardo comigo// Ele tem o dom da espada de Jorge\\ Ereta, larga e pontiaguda para o inimigo// Mas comigo vem boa no sacode\\

Paulo Miranda e Kathmandu
Enviado por Paulo Miranda em 21/09/2023
Código do texto: T7890573
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