O FRANCISCANO O CEARENSE E A DIVINDADE

(Cordel)

Autor: Floriano Silva

Lá no sul do Ceará

No último pau de arara

Embarcou no cariri

Chegando na Guanabara

Que encanto essa cidade

Cristo uma jóia rara

Saudades de sua família

Neca, Jô, Biu, lê e Fá

A barra de rapadura

Não poderia faltar

Logo que der ele volta

Pra sua prole buscar

Estava muito cansado

Na praça ele cochilou

Ao escutar um sussurro

Ressabiado acordou

Viu alguém iluminado

Achou que era um doutor

Que lhe ofertou abrigo

Isso sem nada cobrar

O pobre agradecido

E inclinado a aceitar

Calçou a sua chinela

E começou a andar

A caminhada foi longa

Lindo era o lugar

Uma casa na colina

Tinha fonte e um altar

Rodeada de mistério

Só Deus para explicar

Pão e vinho foi servido

E gestos de gratidão

Um banho e vestes limpa

Fronha lençol e colchão

Tudo parecia um sonho

Servia com devoção

Fez um gesto de bom grado

Pois nada lhe perguntou

Aproveitou os momentos

Que o Senhor propiciou

Vem de uma vida sofrida

O cabra merecedor

Perguntei na redondeza

Ninguém nunca ouviu falar

De onde surgiu o tal moço

Talvez um anjo lunar

Parece até divindade

Que surgiu para ajudar

Tomou um susto tremendo

Quando chegou no quintal

Mulher e filhos contentes

Foi uma festa geral

Procurou o iluminado

Que não estava no local

A casa era gigante

Tudo com muita fartura

Limpa e bem arrumada

Paredes com esculturas

Tinha anjos e arcanjos

Grandes e miniaturas

Uma escada atrás da porta

E uma estrada sem fim

Subi degrau por degrau

Eu jamais vi coisa assim

Um lume no fim do túnel

Acho que acenou pra mim

Tentei pegar na sua mão

Mas ele desvencilhou

Desci suando assustado

Ninguém na casa notou

O Monge ali sentado

Pos a mão e me acalmou

Deus tenha misericórdia

Dos sofredores da vida

Eles só querem morada

E um bom prato de comida

Da lida nunca fugiram

Mesmo com a vida sofrida

Aqui é um pelo outro

Juntos na mesma missão

Se é pra chorar eles choram

Se é pra sorrir dão a mão

Água para quem tem sede

Pra quem tem fome o pão

O coração quando é puro

Alucina e vê miragem

Transforma o triste cenário

Na mais bela paisagem

Até o coração duro

Fica mole de bondade

Vejo as coisas mais claras

Como água cristalina

Sonho em unir o povo

Querer bem é minha sina

Anjo quando desce a terra

Não vem fazer pantomima

floriano silva
Enviado por floriano silva em 18/09/2023
Reeditado em 19/09/2023
Código do texto: T7888538
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