O Portal Encantado

Era uma vez um Reino mágico,

Aos olhos humanos, invisível.

Quem o encontrasse tornaria:

Tudo que desejasse possível.

Encontrar o portal de passagem,

Exigia muita força e coragem,

Era uma tarefa quase impossível.

Havia uma forma dele se revelar,

Isso, ninguém nunca descobriu.

Quem o encontrou não retornou,

Para contar e relatar o que viu.

Quem sabia da sua existência,

Empenhava-se com persistência,

Da difícil procura nunca desistiu.

Na floresta habitava um menino:

Pequeno, franzino e mirrado.

Vivia ali só com seu cachorro,

Amigo fiel: sempre ao seu lado!

Desde criança se virava na vida,

Enfrentava como podia a triste lida,

Pelos seus pais fora abandonado.

Tornou-se o protetor dos animais,

Protegendo-os dos predadores.

Cuidava dos rios e das árvores,

Cultivava com carinho as flores.

Desarmava arapucas e armadilhas,

Apagava e destruía todas as trilhas,

Confundindo a rota dos caçadores.

Em sua ronda matinal pela mata,

Avistou uma arapuca desarmada.

Dentro viu que uma pomba branca,

Estava se debatendo desesperada.

Ficou observando aquela triste cena,

Seu coração se encheu de pena,

Tomou-a em suas mãos, assustada.

Acariciando com os dedos sua cabeça,

Notou que tinha um espinho cravado.

Com cuidado, retirou-o bem devagar,

O grande mistério então foi revelado.

Quão grata e empolgante foi a surpresa,

A pombinha era uma formosa princesa,

Guardiã do reino magico e encantado.

— Fui transformada em uma pomba,

Por uma bruxa horripilante e malvada.

Cravou um espinho em minha cabeça,

Para que eu não fosse desencantada.

Hoje você foi o meu grande salvador,

Pelo seu gesto de bondade e amor,

Merecida recompensa lhe será dada.

Há um reino secreto e desconhecido,

Que o mundo inteiro por ele procura.

Terá o grato privilégio de conhecê-lo,

Pelo seu ato de carinho e ternura.

Nessa terra inexiste impossibilidade,

O que desejar tornar-se-á realidade,

Feche os olhos e desfrute da aventura.

De repente, o portal oculto foi aberto,

Chegaram ao tal mundo misterioso.

A princesa caminhou com o menino,

Pelas ruas e praças do reino formoso.

— Qual o seu maior desejo? Indagou.

Com humildade, simplesmente falou:

— Nunca tive posse de nada valioso!

— Fosse eu um ganancioso qualquer

Certamente, pediria ouro e riqueza.

Para mim isso não agrega valor.

Pois sempre fui filho da pobreza.

Todavia, se a princesa permitir,

Nesse instante eu só quero pedir,

Comida farta e gostosa na mesa!

— Feche os olhos por um momento,

Abra somente quando eu mandar.

Tudo quanto é tipo de alimento,

Nesta enorme mesa vai encontrar.

Pronto! Pode abrir os olhos agora,

Não se preocupe com tempo ou hora,

Come tudo o que puder até se fartar.

Quando terminou o grande banquete,

Foi encaminhado ao seu aposento.

Ficou maravilhado com tanto luxo,

Sempre viveu e dormiu ao relento.

Envolveu-se nos cobertores e lençóis,

Dormiu rápido, sonhou com seus pais,

Sendo perseguido por um vulto cinzento.

Contou todo o sonho para a princesa;

Mais um curioso desejo lhe confessou.

— Sabe por que minha mãe e meu pai,

Quando eu era criança me abandonou?

Mostrou-lhe um filme do seu passado,

Revelando que não fora abandonado,

Que seu pai da morte um dia o salvou.

— Seus pais detinham grande posse.

Possuíam riqueza e prosperidade.

Um monstro cruel invadiu a fazenda,

Antes que acontecesse a fatalidade.

Seu pai o escondeu em uma floresta,

Livrou-o de ser morto pela besta,

Voltou correndo para a propriedade.

— Retornando, ainda ouviu os gritos.

Infelizmente, foram os últimos gemidos.

Fechou a porta, ateou fogo na casa.

Nas chamas foram todos consumidos…

Aqui neste lugar não será mais sozinho,

Ofereço-te deste Reino: um “pedacinho”,

E todos seus desejos serão supridos.

— Agora que conheço minha história.

Tenho uma missão para realizar.

Sou filho adotivo da mãe natureza,

Por esse motivo preciso retornar.

Só tenho que agradecer a estadia,

Adeus, princesa e terra da magia,

Nunca vou esquecer-me deste lugar!