De lá já vi
Num canto do mundo, misterioso lugar
Com pessoas e objetos a me intrigar
Circunstâncias obscuras, segredos no ar
Um perfume no vento, mistério a pairar.
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Por um instante, a mente fez-se vazia
Um lapso na memória, a lembrança fugia
Um momento vi vindo, nessa vida sombria
Fez-se sonho acordado, na mente ardia.
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Arrepiado, senti-me num mundo estranho
A estranheza profunda, me causou tamanho espanto
Martelada na mente, como um velho quebranto
Já ter visto o inusitado, nesse encanto.
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Olhei em torno, vi em volta, encantado
Um quadro enigmático, com cores a brilhar
Um bilhete emoldurado, palavras do passado
E um tapete tecido, história a contar.
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Sentia sem saber, a verdade escondida
Sabia sem sentido, a memória perdida
Aquilo já havia acontecido, na vida dividida
Entre o real e o sonho, na mente entrelaçada.
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Tive um déjà vu, sensação persistente
Teimei em buscar respostas, incansavelmente
Pasmei diante do mistério, imponente
Nem sei se de lá já vi, ou se já voltei, tão relutante.
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Assim, nesse cordel, a história se desvela
No enigma do tempo, na memória, ela atrela
Um lugar de segredos, onde a mente se revela
E o déjà vu nos leva a uma jornada tão singela.
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MMXXIII