NORDESTINANDO...

Nordestino é diferenciado

Usa de cada expressão

Inventa motes e motes

Algo que chama atenção

Registros tão populares

Da Bahia ao Maranhão.

Se está com alguma vontade

De fulano visitar

Inventou algo estranho

Ninguém pode contestar

Só visita à tardezinha

Depois que “o sol esfriar”.

Se alguém conta um caso antigo

Do tempo dos ancestrais

Usa um termo esquisito

De influências sociais

“Lamparina que dá choque”

Variações culturais

Quando um homem apaixonado

Fugia com a namorada

“Fulano roubou fulana”

Só pode tá embuchada

A orelha quente ficava

Daquela que foi roubada.

E a mulher aprumada

De venta por cima anda

Um grupo logo se junta

Forma até uma ciranda

“Fulana só quer ser besta”

Maria, Marta, Iolanda.

Se é baixinho demais

É “toco de amarrar onça”

Se é alto, é “varapau”

Magra demais, geringonça

Apelido é o que não falta

Sobra até pra moça sonsa.

Quando se enfeita bastante

É “jumento de cigano”

Não se arruma, é um largado

Se é amante, é “pé de pano”

São nomes de todo o tipo

Que crescem ano após ano.

Se duas vão namorar

E uma sem companhia

Diz-se que “segura vela”

Servindo só de vigia

Quem nunca passou por isso

Numa madrugada fria?

Enquanto uma aproveitava

A outra do lado via.

Tem uma tal de “caixa prego”

Diz-se de um lugar distante

Se a pessoa é grosseira

É porque é de “rompante”

Se o aprumo é exagerado

Chega a ser discrepante

Parece um “pinto no lixo”

Aprumo nada elegante.

Se ganha muitos presentes

Tá de “ganhador aberto”

Homem gaiato é “saliente”

Ninguém quer ficar por perto

“Quer ver escuta” essa última

“Coca-cola do deserto.”

Arrumando mala e cuia

Vou saindo devagar

A conversa aqui tá boa

Mas, eu tenho que parar

Um cheiro no seu cangote

Morreu Maria Preá.

Cléa Simone Oliveira Soeiro

Cléa Soeiro
Enviado por Cléa Soeiro em 15/09/2023
Reeditado em 18/05/2024
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