Cotidiano no Sertão

A poesia de Chico Potengy em três décimas tradicionais e uma clássica:

Mote:

"ISSO SE VÊ NO SERTÃO

DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."

I

Menino pegando a estrada

Indo pro mato caçar

Um outro vai estudar

Trilhar distinta jornada.

O cantar da passarada

Um coração amolece,

Mas, a labuta aparece

E precisa de atenção...

"ISSO SE VÊ NO SERTÃO

DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."

II

Terminada a madrugada

Ali, não muito distante

Com seu barulho irritante

Lavrador bate uma enxada

— Pois é tempo de invernada —

E sai fazendo uma prece...

De agradecer, não se esquece

Partindo para obrigação.

"ISSO SE VÊ NO SERTÃO

DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."

III

Procurando o que fazer

Uma mulher, na cozinha

Cuida de tudo, sozinha,

Um pão de milho a cozer.

Ao filho deu de comer

— Detalhe que não se esquece —

Outra tarefa carece:

O cozinhar do feijão

"ISSO SE VÊ NO SERTÃO

DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."

IV

O orvalho molhando o chão,

Coruja já se "encantou"

E num tronco se entocou

"ISSO SE VÊ NO SERTÃO."

Zunido de arribação,

Petisco que me apetece

Mas uma Lei endurece

Proibindo o seu assado

Isso me mantém calado

"DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."

Versos de...

chico potengy e No Mote do Poeta João Paraibano.
Enviado por chico potengy em 12/09/2023
Reeditado em 12/09/2023
Código do texto: T7883499
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.