Cotidiano no Sertão
A poesia de Chico Potengy em três décimas tradicionais e uma clássica:
Mote:
"ISSO SE VÊ NO SERTÃO
DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."
I
Menino pegando a estrada
Indo pro mato caçar
Um outro vai estudar
Trilhar distinta jornada.
O cantar da passarada
Um coração amolece,
Mas, a labuta aparece
E precisa de atenção...
"ISSO SE VÊ NO SERTÃO
DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."
II
Terminada a madrugada
Ali, não muito distante
Com seu barulho irritante
Lavrador bate uma enxada
— Pois é tempo de invernada —
E sai fazendo uma prece...
De agradecer, não se esquece
Partindo para obrigação.
"ISSO SE VÊ NO SERTÃO
DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."
III
Procurando o que fazer
Uma mulher, na cozinha
Cuida de tudo, sozinha,
Um pão de milho a cozer.
Ao filho deu de comer
— Detalhe que não se esquece —
Outra tarefa carece:
O cozinhar do feijão
"ISSO SE VÊ NO SERTÃO
DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."
IV
O orvalho molhando o chão,
Coruja já se "encantou"
E num tronco se entocou
"ISSO SE VÊ NO SERTÃO."
Zunido de arribação,
Petisco que me apetece
Mas uma Lei endurece
Proibindo o seu assado
Isso me mantém calado
"DEPOIS QUE O DIA AMANHECE."
Versos de...