O CIGARRO E A CIGARRA (QUEM NÃO DÁ ASSISTÊNCIA ABRE VAGA PARA A CONCORRÊNCIA)

JOEL MARINHO

 

Quando a cigarra cantava

O cigarro insolente

Nada fazia da vida

Era muito inconsequente

Até que o fogo o tocou

Alguém pegou e fumou

Virou fumaça o indecente.

 

Até hoje ele pena

Na boca de muita gente

Sentindo bafo de “bode”

Em meio de podres dentes

E quando o fogo lhe passa

Vira cinza e fumaça

Saindo pela tangente.

 

Enquanto isso a cigarra

Vive a fazer cantoria

No finalzinho da tarde

Faz aquela sinfonia

Não vive de ladainha

E se satisfaz sozinha

Cheia de paz e alegria.

 

Pois o único que perdeu

Foi o “leso” do cigarro

Que vive de boca em boca

Levando câncer e pigarro

Até hoje ele não presta

Tudo o que dele resta

É aquele espesso escarro.

 

Não seja como o cigarro

Cuide de sua cigarra,

Pois se você não cuidar

Querer viver só de farra

Pode acabar sozinho

E o fogo em seu caminho

Vai lhe abraçar na marra.