EU GUARDO MUITAS LEMBRANÇAS/DESSA ÉPOCA:MINHA INFÂNCIA

INTRODUÇÃO

Quem não tem lembranças guardadas dos tempos de infância? Boas e ruins, claro, porque a vida não é só um “mar de rosas”, não é mesmo?

Eu tive uma infância de verdade, graças a Deus e aos meus pais, os quais deixaram eu e meus irmãos, vivermos essa etapa maravilhosa de nossa vida, com categoria. Então, “pintamos e bordamos”, viu?

E, como sou poeta, essas lembranças estão transcritas, agora, em forma de poema: EU GUARDO MUITAS LEMBRANÇAS/ DESSA ÉPOCA: MINHA INFÂNCIA.

Espero que gostem!

TEXTO

I

Venho aqui para abraçar

Quem teve oportunidade

De crescer, de ter vontade

De rir, correr e brincar

Com carinho relembrar

Ao ler e dar importância

O meu Cordel sobre a infância

Nós pudemos ser crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

II

Lembro-me daquela mesa

Com as quatro cadeirinhas

Eram bem pequenininhas

Pintadas com cor acesa

Para nós? Uma beleza!

Não tínhamos abundância

Tampouco feia ganância

Éramos, então, crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

III

Essas lembranças me trazem

Aos tempos bons,bem incríveis

Éramos, então, terríveis

Coisas que crianças fazem

Ferir os animais? Pasmem!

Pular neles à distância

E fazer a dissecância?

Nós fizemos com bonanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

IV

Eu não vi uma “campanhia”

Que nunca fosse tocada

E lixeira derramada?

Chutamos com alegria

O dono com raiva via

Corria com relutância

Prometia vigilância

Gritava sem esperanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

V

Colocar sal no café

Daquele irmão distraído

Era pra nós, divertido

Brincadeirinha, não é?

Cheiramos chulé, até

De um irmão com concordância

Para ganhar a importância

De comprar as comilanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

VI

Ainda tenho saudade

De quando era uma“Gazela”

Nós corremos iguais a ela

Tínhamos agilidade

Hoje não corro metade

Jogos? Tinha relevância

Comer? Sem extravagância

Tínhamos poucas finanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

VII

Foi na minha meninice

Que pulei bem carnaval

Frevo e Marchinha, que tal?

Com José e Berenice

Pedro, Marcos e Monice

Ríamos em abundância

Não havia discordância

Nesse tempo de festanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

VIII

Distraía as criançadas

“Estatuar”, Pega-pega

A Pimbarra e Cabra-cega

Bola de gude e "Peladas"

Bastantes horas brincadas

A alegria era constância

Isso, sim, tinha importância

Vivemos como crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

IX

Os brinquedos? Nós tivemos!

Mas, feitos de mão em mão

Cavalo, carro, Pião

E Bonecas? Nós fizemos!

E quase tudo aprendemos

Criamos com dominância

Brinquedos com elegância

Pra brincarmos sem cobranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

X

Nossas pipas eram bem lindas

Meus irmãos as fabricavam

E depois no céu soltavam

Pois eram sempre bem vindas!

Voos com idas e revindas

Com belos shows à distância

Usar “cerol”? Que ignorância!

Derrubou pipas nas danças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XI

Lembram-se da Amarelinha

Com o nome CÉU grafado

Na cabeça do traçado?

Que boa brincadeirinha!

Pulávamos na casinha

Com aquela relutância

De quem quer uma distância

Pra vencer as lideranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XII

Fizemos campeonato

Até de quem mais comia

Fatias de melancia

Bem capaz de naquele ato

Vir a passar mal de fato

Nisto tinha uma ganância?

Para nós: irrelevância!

E rir com destemperanças?

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XIII

E quando as noites chegavam

O que as crianças faziam?

Muitas histórias ouviam

Criaturas que assombravam

Bem assustados ficavam

O medo? Era circunstância!

Sim, havia relutância

Pra dormir sem relembranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XIV

Muitos amigos eu tive

Naquele tempo de infante

Eu nunca fui intolerante

Abusamos do cative

Pois assim, melhor se vive

Nós banimos a ignorância

União foi culminância

Agimos como crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XV

Para que desunião?

Nas brigas entre vizinhos

Procuramos os caminhos

Que conduz à união

Eram irmão com irmão

Com bastante tolerância

E com menos ignorância

Éramos boas crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XVI

Como ninguém é igual

Claro que tinham intrigas

Muitas findavam em brigas

E paravam no hospital

Todos passavam bem mal

Imperava a intolerância

E também muita ignorância

Os pais? Faziam cobranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XVII

E junho quando chegava

Tínhamos só alegrias

Um mês cheio de folias

A fartura se mostrava

Comida não acabava

Aos Santos? A relevância!

São festas com importância

São gratos, pelas bonanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XVIII

Mamãe, o mastro, botava

Com grande fogueira, além

Comes e bebes, também

A tradição que eu adorava

Nesse instante,eu nem brincava!

Ficava na vigilância

Eu não queria distância

Da mesa de comilanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XIX

Todos anos eu ganhava

Presente de aniversário

Eu nunca tive adversário

Bastante, eu sempre estudava

Na sala, eu não aprontava

Sabia da vigilância

Da mamãe, em abundância

Ela fazia cobranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XX

Alegre demais, eu andava

Usando minha botinha

Já era vaidosinha!

Cada pé, quente, ficava

Charmosa, também estava

Eram pretas, sem ¨nuância¨

Boas, pra vencer distância

E brincarmos nas festanças

"Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXI

A Suíssa é o lugar

Belo bairro onde cresci

Foi em Goiânia que eu nasci

Mas, aqui vimos morar

Morros brancos pra brincar

Tínhamos em abundância

Brinquei com exuberância

Nós pudemos ser crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXII

Os morros brancos que vejo

Estão em minha memória

Compõem a nossa História

Rolei neles com ensejo

Esquecê-los? Não desejo!

Destruí-los com constância

Achamos uma ignorância

Pra fazerem as mudanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXIII

Na Rua que nós moramos

Não havia calçamento

Para nós? Nenhum tormento!

Nós jogamos e brincamos

Na Gararu, belos anos!

Felizes, sem inconstância

Sem querermos implicância

Rua cheia de crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXIV

Que lanche você fazia

No tempo da meninice?

Um monte de gulodice?

Eis o que a gente comia

Ovos fritos, todo dia

Farofa com abundância

Comemos sem elegância

Feita por nós, crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXV

Por sermos muito peraltas

Muitas surras, nós levamos

Da mamãe, todos os anos

Do papai, sentimos faltas

Para mim, heroi sem capas

E com bastante elegância

Porém, um dia, na infância

Surrou-nos e com cobranças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXVI

Daquela única surrinha

Que papai me deu nas pernas

Devido as nossas badernas

Eu ficava amuadinha

Falava até abobrinha

Malcriação à distância!

Mas, sem qualquer relutância

Papai nos dava esperanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXVII

Muitos infantes cresceram

Como pequenos adultos

Pois estavam nos labutos

Muitos, sequer, floresceram!

Vários deles faleceram

Não viveram sua infância

Choraram em abundância

Num mundo sem esperanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXVIII

Isso me dói ao escrever

Porque sempre sou sensível

Achamos que é bem terrível

A criança não viver

Como infante, mas crescer

Criado com ignorância

Por alguém com inconstância

E que promove as matanças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXIX

A mamãe, de nós, cuidava

Com muita atenção e zelo

Nós fazíamos apelo

Para ver se ela deixava

Eu sair. Ela Ralhava!

Mostrando-nos implicância

Protegia com constância

Nós éramos bem crianças!

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXX

Agora que compreendo

O porquê desses cuidados

Se fôssemos abusados

Por um adulto horrendo?

Só tava nos protegendo

De toda feia arrogância

Do mal, da dor, da ignorância

Dos que ferem as crianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

Eu sei de pais que entregaram

Seus filhos à perdição

Só pode ser maldição

Será que desesperaram?

Em Deus, não acreditaram?

Ou foi por pura ganância

Cujo ato sem importância

Destruíram as crianças?

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

XXXII

Como pode tal adulto

Não respeitar as crianças

Tirar-lhes as esperanças

E tratá-las com insulto?

Pode ser que o pobre inculto

Não tivera boa infância

Com rancor e intolerância

Com o mal fez alianças

Eu guardo muitas lembranças

Dessa época: minha infância.

Foi na "Salada de Frutas"

Que dei meu primeiro beijo

(Eita! Essa já é outra fase da vida, não é? Quem sabe, o tema do meu próximo cordel seja sobre a adolescência? Aguardem...)

ALAÍDE SOUZA COSTA
Enviado por ALAÍDE SOUZA COSTA em 02/09/2023
Código do texto: T7876567
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