Foi num tempo recente
Qu’eu conheci a Drausa
No Teixeira onde
Muitos não tinha nada
Pra fazer e pra ocupar
Nossa mente nesse lugar
A gente vagabundava.
Mas a Drausa trabalhava
Em tempo integral
Com contabilidade
Num escritório local
Seu corpo fino e alto
Cabelos loiros e olhos claros
Convergiam num colossal...
...encanto que atraia os olhares
Nas farras, festas e salão
Nesses festejos dionísicos
A Drausa atraia os coração
Do povo do Teixeira que
Inebriados por sua beleza
Disputavam sua atenção.
Um desses era eu que
Como muitos da região
Me apaixonei por Drausa
E paguei com frustração
Após levar um fora
Seguido de um frio “não.”
Não levei pro lado pessoal
Consegui a sua camaradage
De praxe nos encontrávamos
Nos festejos da cidade
Onde conversávamos a toa
Até surgir na face...
… os sinais do inebriamento
Causadas pela bebida
Quanto mais conversámos
Mais a Drausa eu conhecia
Cheia de fé no peito
dizia"inda vou ser modelo
Finanças não é minha vida.”
Muitos na região a conhecia
Por postagens de fotografia
Que Drausa compartilhava
Na internet onde possuía
Conta nas redes sociais
Que tinha curtidas demais
E mais seguidores atraia.
O seu sonho de modelo
Não cabia naquela cidade
Já que em Teixeira não caia
Uma gota de oportunidade
Drausa sabia qu’essas chuvas
Só caia nas grandes cidades.
Sua vida começou a mudar
Quando ela conheceu Alfredo
homem lorde lá do Sul
empresário-empreiteiro
Pelas redes sociais
No dia primeiro de Janeiro.
Alfredo foi no Teixeira ver
Com os próprios olhos a Drausa
E logo logo todo mundo
Da cidade comentava
Sobre aquele novo namoro
Entre Drausa e o homem charmoso
Que em tom chiado s’expressava.
“S’ele fosse um Zé Ninguém
Teria sido mais um rejeitado”
Falou o ex dela que outrora
Acousou-a e ela tinha negado
De ter postado nudes dele
Na internet após ele
Em público ter-lhe humilhado.
O povo justificava o atual namoro
Chamando ela de interesseira
O Alfredo não parava de dar
Sinais de ter a carteira cheia
Diante de Drausa e sua família
Durante sua estadia no Teixeira.
Quase todo dia próximo
do café, almoço ou jantar
Na Hilux fretada o Alfredo ia
Comprar o que de melhor há lá
No Supermercado do Teixeira
Isso despertava admiração já...
...na Dona Ester qu’era mãe de Drausa
Ela comentava de coração
“o Sinhôr é muito gentil
Não precisava disso não
Nos meus tempos de jove
Pena qu’eu não tive sorte
Que minha fia tem nas mãos.”
Pouco antes do Alfred vir
Tinha sido inaugurado
O Club de piscina de Kika
Que andava bem lotado
E pra lá a Drausa ia
Junto com sua amigas
E também seu namorado.
Excelentíssimos aperitivos
O Club de Kika vendia
Como o bomzão baião de dois
E macaxeira com carne frita
E bebidas como Red label
Símbolo de luxo na sertania
Alfredo mandava o Garçon trazer
Tudo o que tinha de mais de caro
Até a mesa ficar cheia
De bebidas e diversos pratos
Drausa e as amigas brindavam
Dessas ela ouvia os sussurrados.
“Tú é uma mulher de sorte
Por namorar um homi desse”
“S’eu num fosse tua amiga
Já teria roubado ele”
“Do ano novo o teu presente
É esse homi na tua frente
Seja esperta e valoriza ele.”
“Esse momento é muito bom
Me enche de felicidade”
Uma amiga de Drausa falou
Alfredo disse com Riso na face
“Honestamente isso não é nada
Comparado a breve estada
Qu'eu passei lá nos Alpes...
... Suiço onde pulei de paraquedas
E provei o melhor vinho e queijo do mundo”
Ele não perdia uma chance
De se exibir pra todo mundo
E concluía em entrelinhas
“O Nordeste tá mais prum Submundo.”
Essa conclusão deixava
A maioria sem jeito
E Lia (amiga de Drausa)
Confrontava o sujeito
“Não troco mil luxos do Sul
Por um encanto sertanejo.”
Isso feria o ego de Alfredo
Deixando ele desestabilizado
Que revidou quando Drausa
Um dia tinha lhe chamado
Pra ir no pico do Jabre
Ele disse:”eu vou, sabe?
Mas vamos deixar de lado...
“...a folgada daquela de Lia
Que me contraria em tudo
Parece até que me inveja
Por eu ser bem mais astuto
Quem não se coloca no seu lugar
não merece ocupar
Seu espaço nesse mundo.”
Não sei se foi por pressão externa
Que Drausa aceitou sem pestanejo
O pedido pra ir morar
Em São Paulo com o Alfredo
E assim eles pegaram o voo
No dia 31 de Janeiro.
Chegando lá a cidade grande
Influiu expectativas em Drausa
Que pensou:”aqui vou ser modelo
Porque oportunidades não falta”
Mas só que a realidade
Aos poucos se revelava.
Logo no primeiro dia
O Alfredo demitiu a empregada
Indagou a companheira
S’ela queria trampar na casa
E Drausa ouvino aquilo
Disse: "buscar por aí prefiro
O que tenha a ver com minha cara.”
“Amor Tu não é graduada
por isso pode ter certeza
Que se for procurar emprego
Não achará ninguém que te aceita
E se alguém te aceitar
Com certeza é pra te dá
Um pior que o de faxineira.”
Isso deixou a Drausa acanhada
Que acabou em crer
No namorado que lhe abraçou
E disse:”Só quero pra você
O melhor que essa vida
Tem a lhe oferecer.”
Durante a maior parte do dia
Drausa ficava na casa
Terminava os afazeres
E depois aproveitava
Pra procurar por agências
Que necessitava...
...de modelo pra trabalhar
E a cada esforço feito
A Drausa sentia na pele
Os apuros do seu desejo
Qu'era ser reconhecida
Desfilando bem vestida
Ao redor do mundo inteiro.
Ela tentava partilhar cada frustração
Com o seu namorado
Antes dele sair de casa
E depois de vir do trabalho
Mas a cada nova tentativa
O âmago dela só enchia
Com um peso acumulado...
... porque o Alfredo não dava a ela
A chance dela desabafar
Mau a Drausa abria a boca
Ele começava a reclamar
Com ela qu’ele acusava
De frequentemente vacilar.
Um dia o Alfredo tinha
Tomado banho pra ir trabalhar
E assim que vestiu o terno
Viu nela uma mancha irregular
Mostrou a Drausa e disse:
“A culpa é da mãe que não soube lhe ensinar.”
Outra vez no café da manhã
Ele disse que faltava açucar
No café e acrescentou
“Essa foi mais uma falha sua
Me espanta uma mulher
Que não sabe fazer café
E só desanda na função sua.”
Até que um dia o Alfredo
Disse pra namorada
Após em casa chegar
“Tô cansando pra pacas”
Ela nem lhe deu atenção
Virou as costas e então
Ele lhe deu uma puxada...
...virando-a de frente pra ele
Apontou na sua cara
Dizendo em tom elevado:
“Não repita a palhaçada
De virar as costa pra quem
Paga a tua comida e água.”
Drausa se soltou a força
E se trancou o quarto
Após ter dormido mal
Acordou e viu ao lado
Uma apetitoso desjejum
Cum café bem-preparado.
O Alfredo apareceu e disse
“Bom, dia minha bela!
Quero te levar prum lugar
Pra tu entender que aquelas
Atitudes que tive é o valor
Que pago por aliviar a dor
Dos que não leva uma vida bela.”
Ela não tava entendendo
A entrelinhas dessas palavras
Só qu’ele insistiu pra que ela
Saísse com ele da casa
Pra ir num lugar surpresa
Onde a Drausa com certeza
Conheceria melhor o cara.
Eles saíram de carro
A Drausa teve um escarcéu
Quando o carro parou diante
Do “Hospital Alfredo Rangel”
Cujo nome e sobrenome
São dum personagem desse cordel.
Assim qu’eles entraram
O coração dela ficou disparado
Ao ver que na parede
Tinha um grande quadro
Do governador com o Alfredo
Segurando um certificado...
...de homenagem que dizia:” o
governo do Estado de São Paulo
Por meio deste homenageia
Alfredo Rangel Khalo
Pelo seu trabalho de filantropia
E sua grande parceria
Com a saúde pública do estado.”
O Alfredo levou a Drausa
Pra uma grande sala
Onde dentro dela havia
Crianças que brincava
Todas usando camisola
Umas em cadeira de roda
E outras careca tava.
Uma criança veio correndo
Pulou em cima de Alfredo
Este a segurou no braço
depois levou um cheiro
Ganhou um desenhou e ouviu
“Esse é você no seu reino.”
Ele dispensou o menino
E falou pra Drausa
“Esse é o Arthuzin
Sofre d’uma doença rara
Desde quando construí esse lugar
Saúde não mais lhe falta.”
Depois veio uma menina
Sorridente e cheia de amor
Dizeno:”é pra Tu Titio Alfredo”
Em seguida lhe entregou
Um bonequinho de pano
Qu’era a cara do mano
Que a menina presenteou.
“Essa linda aí é a Dudinha
A mãe ficou biruta da vida
Depois que Dudinha teve
O diagnostico de leucemia
Mas desde que veio pra cá
Dudinha só faz melhorar
Temos a melhor artilharia...
...contra as doenças mais graves
Contidas nesse hospital”
A Drausa ficou observando
As crianças que afinal
Brincavam como se o agora
Fosse a única coisa real.
Uma médica entrou na sala
E veio até o Alfredo
Cumprimentou-lhe e disse-lhe:
“o procedimento foi bem feito
Sua filha Maria Clara
Agora dorme com sossego.”
Essas palavras entraram
No ouvido de Drausa
Chegando até seu coração
Que agora disparava
Durante todo esse tempo
Ele ocultou todo momento
Que uma filha ele criava.
Alfredo chamou a Drausa
Pra ir até outra sala
Ela permaneceu parada
Cum olhar de indignada
Ela tava prestes a discutir
Mas o Alfredo disse ali:
“Aqui não, calma”.
Ele a levou até diante
D'’uma pequena sala
E pela janela de vidro
Uma menina eles avistava
Dormindo e o Alfredo disse
“Minha filha Maria Clara.”
“Não acredito que você
Escondeu isso de mim...”
Drausa falou e o Alfredo disse:
“Calma, não é bem assim
Antes eu não tava pronto
Pra falar tintim por tintim...”
Tintim por Tintim de quê?”
A Drausa interrompeu:
“Que Tu tem uma filha doente?
O que mais de mim escondeu?
Acha que eu ia te desmerecer
Por uma filha você ter
O que pensas d’Eu?!”
“Penso que você a e única pessoa
Que se encaixa na minha vida
E se eu te ocultei isso
Por favor acredita
Que agora estou preparado
Pra te dar um sincero relato
Do maior trauma da minha vida.”
Alfredo deu a drausa
Um breve relato
Disse-lhe que Maria Clara
Um dia tava no carro
Com a sua mãe dirigino
Até que eles capotaram.
A mãe de Maria Clara morreu
E levaram a criança com vida
Pro hospital e lá descobriram
Qu’ela tinha leucemia
Desde então tá seno tratada
No hospital que seu pai construíra.
“A última coisa qu’eu queria
Quando fui te ver no interior
Era pôr o dedo nessa ferida
Que ainda não cicatrizou
Mas vendo você assim
Saiba que é mais dificil pra mim
Carregar toda essa dor.”
A Drausa tava artodoada
“Eu preciso tomar um ar”
Saiu sem dizer mais nada
Mas não parava de pensar
Como ela permitia que o Alfredo
Lhe tratasse daquele jeito
Sem ela ao menos questionar.
Primeiro lá no interior com
Aqueles exibicionismos baratos
Inferiorizando o nordeste em prol
Dos cantos qu’ele tinha passado
Lá causou uma boa impressão
Mas ele mostrou seu outro lado...
...desde quando eles chegaram
Na imensa capital paulista
Logo na chegada a Drausa
Quis lutar pelo sonho de vida
Correr atrás de ser modelo
Mas pelo Alfredo foi impedida.
Durante todo esse tempo
Ela não teve a oportunidade
De desbravar os encantos
Existentes na grande cidade
Passava o dia cuidano da casa
E quando o namorado chegava
A tratava com hostilidade.
“Tá tudo errado”
Em pensamento Drausa exclamou
“Quem se ama não merece
Viver com quem nunca me amou
já não bastasse o narcisismo dele
Cum esse segredo da filha dele
O castelo da confiança s'arruinou.”
Ela pegou um taxi e explicou
Onde mais ou menos morava
E o taxista a deixou
Bem na porta da grande casa
E quando ela chegou lá
O Alfredo lhe esperava.
“Por onde você andou?
Estive a procura de você”
Ele falou e Drausa disse:
“Quero terminar com você”
O Alfredo tentou falar
Mas ela não o deixou interromper.”
“Desde quando chegamo aqui
Você só enxerga você
E nunca me dá a chance
D'eu desabafar com você
E me trata com o desrespeito
Qu'eu não acredito merecer.
“e não venha se fazer de vítima
Com essa história passada
A Maria Clara merece um pai
Que bem todo mundo trata”
Nesse momento o Alfredo
Segurou nos seus cabelos
E deu um tapa na sua cara.
“Quem você pensa que é
Pra falar comigo desse jeito?
Uma nordestina como você
Nunca vai ser modelo
Assim como o povo de lá
O teu destino é trabalhar
No mais vil dos empregos.”
Alfredo empurrou Drausa
E ela caiu no chão
Cum cabelo cobrino o rosto
Disse:”você é um cão!
O pesadelo acabou aqui
Porque tu não presta não.”
Ela foi pro quarto onde
Começou arrumar as malas
Ouviu um barulho de porta
Sendo aberta e fechada
Até qu’ela se deparou
Com uma papelada...
... que se revelou quando ela
Foi pegar o seus sapatos
Que tava junto com
Os do agora ex namorado
E assim qu’ela pegou
A madeira abaixo desabou
Revelando um fundo falso...
...onde havia uns papeis e ela
deu uma breve olhada naquilo
Viu que tinha muitos valores
Da ordem dos cincos dígitos
Com nomes de equipamentos
De empresa, e orçamentos,
Pessoas e ela pôs tudo aquilo...
...dentro da sua mala
E quando ela arrumou
Foi sair mas viu que a porta
Da casa o Alfredo trancou
Sozinha na casa ela decidiu
Arrombar a janela qu’era da cor...
...branca que dava pro ambiente
Do condomínio de alto padrão
Ela saiu e conseguiu
Pegar um taxi então
E antes de guardar as malas
A Drausa fez questão...
...de tirar de dentro dela a papelada
E manteve arregalado o olho
Enquanto ela lia os papeis
No caminho do aeroporto
Seu saber de contabilidade
Fez ela ver a verdade
E sentir um desconforto...
...ao ver que aqueles papéis
Infringia a ética da nação
Um caso de superfaturamento
Envolvendo a construção
Do hospital Alfredo Rangel
Que poderia tornar Réu
O seu ex namorado então.
A princípio a Drausa cogitou
Em mudar o curso do trajeto
Pra uma delegacia e denunciar
Quem lhe causou um inferno
Mas desistiu após imaginar
O risco de fazer isso de perto.
Ela percebeu que se denunciasse
Provavelmente fecharia
O hospital Alfredo Rangel
Já que a justiça bloquearia
O patrimônio da empreiteira
Qu'era donde as “doações” viria.
E o que seria do Arthuzin
Dudinha e das outras crianças?
Que graças aquele hospital
Desfrutavam da bonança
De se curarem das mazelas
Graças ao trato dado a elas
Que lhe enchiam de esperança.
Assim a Drausa achou melhor
Não seguir mais em frente
Já que seu ato poderia
prejudicar muita gente
“melhor deixar isso no outrora”
Mas durante toda hora
Ela pensava incessantemente.
O taxi chegou no aeroporto
E lá ela tinha comprado
Uma passagem de avião
Que sairia de São Paulo
Pra João Pessoa qu’era capital
Da Paraíba seu estado.
Dentro de uma hora e meia
Drausa estaria no avião
E enquanto o tempo passava
Ela não conseguia tirar não
Da cabeça a imagem de quem
Se agrediu sem compaixão.
S’ela queria que o Alfredo pagasse
Pelas agressões qu’ele lhe cometeu
Porque não foi na delegacia
denunciar o que aconteceu?
Assim o Alfredo viraria reú
E as crianças no Alfredo Rangel
Continuariam o tratamento seu.
“a palavra d’uma mulher
Contra a dum homem rico”
Ela já tinha visto na TV
Homens com poder aquisito
Sair desse tipo de situação
Após a justiça o libertar então
Em troca de dinheiro vivo.
Isso a fez sentir-se impotente
E também angustiada
C'uma sensação de que voltaria
Pro nordeste traumatizada
Já que as memórias que levaria
Nem um pouco lhe agradava.
Mas que seria da próxima
Namorada do Alfredo?
Quanto certeza Drausa tinha
Qu'ele não faria do mesmo jeito?
“eu não quero que outras
Passe o que passei com aquele sujeito.”
Então se ela não queria
Alguma coisa tinha que fazer
Ao mesmo tempo que teria
Que dele se proteger
Segurano os papeis na mão
Ela viu três dígitos no paredão
E uma ideia veio a ter....
Eu tinha acordado de ressaca
Na hora do almoço numa terça feira
O dia estava ensolarado
Na cidade do Teixeira
Minha família tava veno tv
E com eles comecei a ver
O que manteve minha atenção presa.
“o empreiteiro Alfredo Rangel
Na manhã de hoje foi preso”
A jornalista falou e na tv
Apareceu o sujeito
Algemado na delegacia
E cercado ao redor inteiro...
...por jornalistas e a repórter
Começou a questionar
Um delegado que disse:
“A prisão decidimos efetuar
Após recebermos uma denúncia
De quem não quis se identificar.
“ nos disse que sabia dum esquema
de lavagem de dinheiro
Envolvendo Alfredo Rangel
Que é empresário-empreiteiro
E as provas que faria dele réu
Estaria nuns papel
Aguardano nossos sujeitos.
“após recebemos as instruções
Fomos até o aeroporto
E lá econtramos no banheiro
Escondido atrás dum bojo
Os papeis de todo caso
Que por logo deflagraram
A prisão desse criminoso.”
A reportagem continou
E por ela soubemos afinal
Que o Alfredo responderia
Por corrupção e sonegação fiscal
Além de fraude financeira
e falsificação documental.
“O meu cliente é inocente”
Falara o advogado
“Isso não passa de tramoia
De quem quer prejudicá-lo
Nada descrebiliza esse filantropo
Que muitas vidas tem salvado.”
“Foi negado o pedido pra Alfredo
responder em liberdade”
A jornalista continuou:
“já que ele tem passagem
na polícia após ter espancado
A esposa que num acidente de carro
Morreu dirigindo embriagado.”
“O hospital Alfredo Rangel
Aguarda decisão do supremo
Se fecha ou se o governo
proverá o seu sustento
enquanto isso o futuro
Dos pacientes desse instituto
Seguirá jogado ao vento.”
Soube que na noite anterior
A Drausa tinha chegado
De onde tava até então
Qu'era e estado de São Paulo
Lhe falavam da reportage
Mas ela evitava comentários.
Havendo chegado de São Paulo
Ela trouxe uma nova ferida
Lançada na pele de quem
Envolve-se numa relação abusiva, mas
Nisso ao invés dela não fazer nada
Incorporou o arquétipo da jararaca
Lobo que a pegou na boca não sabia
Sendo o veneno dessa serpente mortal
O mordeu e com esse revide final
No chão o lobo perecia.
Santo André, 31 de Agosto de 2023