Amores de Guilhermina

Olha só que é estorvo:

De novo apaixonada,

Com a cabeça virada!

O garoto muito novo,

Que sequer saiu do ovo…

O rapaz de pouca idade,

Ainda na mocidade,

Nem sequer trabalho tinha,

Era a mãe que o mantinha

E fazia-lhe as vontades!

Guilhermina. já coroa,

Sem ter mais o que inventar,

Quis com Guto namorar

E se fez de gente boa,

E ele, rapaz à toa,

Ela encheu de presentes

E muito inconsequente

Provocava desatino.

Na cabeça do menino,

Órfão de pai e carente.

Cátia, a mãe, o criava

Assim solto pelos cantos

Às sereias com seus cantos

O rapaz os escutava

E por eles se encantava

Sua casa era a rua,

Lá exposto via nua

O que ia aprendendo,

Curioso, sempre vendo

A realidade crua.

Guto, já era ladino,

Quando veio pra morar

Na casa onde ficar.

Um malandro muito fino

Que ainda um menino

Praticamente criança

Mal chegando de mudança,

Com suas estrepolias

Provocava dia a dia

O horror da vizinhança

Inda com pouca idade

Já bebia, já fumava

Aprendeu com quem andava

Pelos cantos da cidade,

Na sua precocidade.

Com maioridade perto,

Era garoto esperto:

Um comerciante nato,

O que comprava barato,

Vendia do jeito certo!

Mas Guilhermina o quis

Assim, até sem emprego,

Tirando o seu sossego…

Tudo pede à mulher,

Sem um receio qualquer.

Os filhos que criou mal

Tinham agora rival,

Que dela arranca tudo;

Não quer nada com estudo,

Faz da vida carnaval.

Guilhermina tem pensão,

Que o pai lhe deixou.

Ela nunca trabalhou,

Nunca teve precisão,

De lutar pelo seu pão.

Como desajuízada,

Arrumou dois de ninhada,

Que ela tão mal criou

Sem pensar no que pecou

A sua cruz é pesada…

Ele não foi o primeiro.

A família alertou,

Carente, não escutou…

Disse ser seu o dinheiro,

E ele o derradeiro!

Não adiantou falar,

Tampouco recriminar.

Não vai ouvir “seu” ninguém

Juízo ela não tem,

Não vai deixar de teimar.

Carregar opinião -

A de nunca ter errado! -

É o seu maior pecado.

Na vida este senão

Macula a condição.

Sem aceitar a idade

Viver falsa mocidade

O que não pode viver

É isso que faz sofrer,

Não achar felicidade!

Vivendo uma paixão,

Foi passada para trás

Fez coisa que ninguém faz

Deu de presente então

Reboque de caminhão

Ao seu “fiel” namorado

Depois de tê-lo beijado.

Era ele o seu benzinho,

A quem lhe dava carinho

E dinheiro emprestado.

Não há maior algoz

Em toda a existência

Que a nossa consciência,

Berrando muito feroz,

Calando a nossa voz…

É assim com Guilhermina

A quem um rapaz fascina,

Sem estar na mocidade,

Sendo mulher de idade,

Por um moço desatina…

Tem o pé já bem fincado

Com seus quase sessenta

Ela bem que aparenta.

E o cabelo pintado

Não traz melhor resultado.

Por não ter a condição

Da frequência no salão

Compra e em casa pinta

Por ser barata a tinta

Sem pagar aplicação

Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 29/08/2023
Código do texto: T7873186
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.