O corpo seco
Nas bandas de Soledade
Bem perto de Tijuco Preto
Vaga um ser puro em maldade
É o assombroso corpo seco
Ninguém daquela cidade
Teve por ele um pingo de caridade
Não serviu nem pra esterco
Ele era um homem sem piedade
Que vivia naquela região
Matou muitos em Soledade
Com faca, faquinha e facão
E com seus dentes de alicate
Comia os pedaços de carne
Dos seus defuntos naquele chão
Um dia mataram o maldito
Que tinha tanto mal causado
Morreu no mais horrendo rito
Por um trator foi esmagado
No inferno ele não é bem quisto
Por Deus ele não quer ser visto
Não foi nem pra Deus nem pro diabo
Vive vagando pelo mundo
Com um sofrimento eterno
Como um pútrido vagabundo
Cheirando um enxofre dos infernos
O seu sofrimento é profundo
Não pode sair desse mundo
É frio como o gélido inverno.