PITEL A AMIZADE CANINA
Todos os dias o calinho
Logo depois de acordar
Ia direto pra venda
Pra sua pinga tomar
Naquela rotina cruel
Com seu cãozinho pitel
Sempre a lhe acompanhar
Já não trabalhava mais
A família lhe abandonou
Somente o cãozinho pitel
Ao seu lado continuou
Tinha sua alma ferida
Falava da triste vida
Do tempo que já passou
Barba ainda por fazer
Cabelos desalinhado
Mal vestido cheirando mal
Maltrapilho abandonado
Somente o amigo Pitel
Seu cachorrinho fiel
Continuava ao seu lado
Reclamava de saudades
Da família que amava
Para amigos e estranhos
Calinho desabafava
Ninguém o levava a sério
Seu papo era deletério
Ninguém mais o aguentava
Hora de voltar pra casa
la ia cambaleando
Não quer aceitar ajuda
De alguém que está passando
Seu semblante é deprimente
Sua família está ausente
Ninguém está lhe escutando
Então ele torna a cair
E tenta se levantar
Mais pessoas se aproximam
Tentando lhe ajudar
Orgulhoso ele não muda
Dispensa qualquer ajuda
E depois pega a chorar
Cai e dorme na sarjeta
Como qualquer indigente
Ao lado seu cachorrinho
Abana o ramo inocente
Aquele bicho carinhoso
Parece mais amoroso
Que certo tipo de gente
E num inverno rigoroso
Calinho veio a falecer
Morreu dormindo ao relento
Enfim parou de sofrer
Quando amanheceu o dia
Seu cãozinho ainda latia
Tentando lhe socorrer
Pitel ficou transtornado
Não tinha a menor noção
Durante o simples velório
Ficou ao lado do caixão
E quando o cortejo saiu
Uivando também seguiu
Cortando meu coração
Quando foi no cemitério
Hora do sepultamento
Ele abanava o rabinho
Disfarçando o sofrimento.
Muito triste ainda gania
Mas no fundo ele Queria
Era um carinho um alento
Uma família abastada
Acolheu aquele cãozinho
lhe dando todo conforto
E também todo carinho
Mas sua saudade impera
Uivando ele ainda espera
pela volta do calinho
FIM