MEMÓRIAS DA CHAPADA - A HISTÓRIA DE SÉRGIA
A minha escrita relata
certo fato no sertão,
que ficou para cultura
como contribuição.
Um documentário vivo
sobre fé e devoção
Por ser uma arte feita
à luz da verdade viva,
uma piracuruquense,
grande mulher prestativa
que buscava seu alimento
numa forma alternativa
Como Sérgia, era chamada
essa mulher bem-casada
Joaquim, estimado esposo
e tinham família amada
ficou viúva bem cedo
comandando a filharada
Desse amor então, vieram
todos filhos bem-queridos:
Raimundo e o Benedito,
João e Antonio unidos
Felismina e Joana
nesses rumos deferidos
O local onde moravam
por Mambira conhecido
membro de Piracuruca
desse fato acontecido
por falta de mantimento
buscaram o desconhecido
O lugar era deserto
e água ali não havia
era bem um chapadão
morada não existia
mãe e filha na procura
pelo pequi que previa
Esse fruto era abundante
mas duas léguas separavam
do local donde vieram
e elas não esperavam
passar, tamanho aperreio
na mata que exploravam
A sede falou bem alto
que era hora de voltar
andaram horas a fio
sem ter pra quem apelar
o desespero bateu
quando pensaram recuar
Aquelas duas caminharam
rezando pedindo sorte
a mãe estava bem fraca
a filha tinha mais porte
a Sérgia ficou pra trás
Felismina viu um norte
Na estrada, avistou casa
e ali pediu ajuda
oh! meu povo de Tibalde
minha mãe, por Deus acuda.
Mas quando foi encontrada,
dona Sérgia estava muda.
O sol estava tão quente
parecia um fogaréu,
Bem cansada e com sede,
no meio do escacéu,
a sua alma padeceu,
foi buscar a luz do céu.
E por conta duma festa
marcada pra aquele dia
os que passavam na estrada
não viram mais alegria
e levaram a notícia
com tamanha nostalgia
O doutor Manoel Brito
precisando ali passar
constatou naquela cena
atestou com seu pensar
grande perda pra família
pra todos nós, o pesar
O lugar ficou marcado
referência no sertão
casinha da dona Sérgia
ali se faz oração
muitos tipos de promessas
pedidos de proteção
Muitos fatos milagrosos
se gravaram na lembrança
gente de todo lugar
que buscou como esperança
ao fazer justo pedido
que sabemos, logo alcança
Alí você também pode
de forma fácil e viável
encontrar água em garrafa
com qualidade e potável
para matar sua sede
naquele local honrável
Muitas histórias contadas,
algumas já como lenda
muitos passantes deixaram
para ela uma oferenda
de braço, perna e cabeça
por cada graça que atenda
Sempre que por ali passo
faço oração em respeito
olhando o pé de pequi
que nunca perdeu o jeito
seja inverno ou verão
ele dá fruto perfeito
Para ela tire o chapéu
Quando ali você passar
Ela protege a chapada
Nós podemos confessar
Deixando nosso respeito
Nossa forma de expressar.
Escrevi esse folheto baseado no episódio que aconteceu em 1951, com a senhora Sérgia Maria de Carvalho Benavenuto, na localidade Chapadão, do Povoado Jacareí de Baixo, Município de Piracuruca-PI.
As informações foram coletadas em conversas informais com a população da região e familiares da personagem.